Charles Baudelaire
O debate sobre o diabo acabou. A minha investigação, não,
mas o debate neste blogue, sim, porque os meus amigos pró-crença no diabo e nos
demónios, ou na doutrina tradicional do diabo e dos demónios (DTDD), incluindo possessões,
debandaram. É um bom sinal porque assim aproveitam melhor o tempo. Pena não me
terem convidado para um exorcismo, ao contrário do que prometeu um deles.
Não chegaram a citar aquela frase de Baudelaire que diz que “a
maior astúcia do diabo é fazer-nos crer que ele não existe”, até porque ela já havia
sido citada neste blogue. Nem aquela de Papini que diz que “a última astúcia do
diabo foi a de espalhar a notícia da sua morte”, talvez porque, segundo dizem
as estatísticas, o diabo está a regressar em força, pois rege-se por vagas e
tendências, e os exorcistas não têm mãos a medir em certas épocas.
Às duas frases acima há que dizer, com Jean Vernette, que cita
a frase sem dizer quem é o autor, que “os demónios só esperam uma coisa,
especialmente em teologia: é que os achem apaixonadamente interessantes e que
os levem a sério, sistematicamente, se possível”.
Não levar a sério. Rir é o melhor remédio contra os
demónios? Ou quanto mais acreditamos neles, mais eles estão presentes? E não
crer neles? Não será também um remédio contra o seu poder?
Muitos dizem que o ateísmo puro, a negação radical, a “aversão
pronunciada pelos valores religiosos”, é sinal da possessão demoníaca (juntamente
com outros, como as levitações; infelizmente as coisas só levitam quando não há câmaras a filmar para pôr no Youtube). Mas gostava de colocar a questão ao contrário: Alguma vez alguém
que não acredita no demónio foi objeto de uma possessão?
É que uma ideia perniciosa
(um “demónio”) a que se dá credibilidade pode levar uma pessoa a mostrar-se “possuída” por aquilo em que
acredita, deixando patentes os ditos sinais da possessão. Ouvi um exorcista todo-o-terreno
contar que lida principalmente com pessoas que antes de encontrarem o demónio
andavam pela superstição e em ambientes parecidos, em sítios onde não deviam
estar se tivessem uma fé um pouco mais, digamos, esclarecida. Mas quem não
acredita mesmo nada no demónio pode ser possuído por ele? Estarão os ateus mais bem preparados para não ceder às insídias do demónio? Serão estas questões banais?
5 comentários:
Uhhh, o Jorge ganhou, afugentou os mauzões. Três vivas para o Jorge!
este joão silveira é mesmo retorcido das ideias.
até jurava que de vez em quando espalha aqui umas caganitas anónimas...
isto só para dizer que não vejo nos posts do Jorge a atitude que o João Silveira aponta.
Olá, Maria. Não creio que o João deixe por aqui coisas anónimas.
Mas, de facto, a atitude referida pelo João não é a minha. Gosto de uma boa discussão e gosto de a prosseguir mesmo quando para alguns - terceiros e não propriamente os que estão dentro da discussão - parece exagero.
Isto do blogue, como bem sabe, é uma coisa pública, sujeita a confrontos.
No caso concreto da discussão sobre o diabo/demónio, descobri algumas coisas muito interessantes que hão-de ir aparecendo por este blogue ou, quem sabe, noutras instâncias.
Obrigado Jorge!
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