Dizem que Cristo é o profeta dos fracos e, afinal, veio dar força aos definhados e tornar os espezinhados mais altos que os reis. Dizem que a sua religião é de doentes e moribundos e Ele cura enfermos e ressuscita inanimados. Dizem que Ele é contra a vida, mas vence a morte. Que é o Deus da tristeza, quando afinal exorta os seus a serem alegres e promete um eterno banquete de júbilo aos seus amigos. Dizem que introduziu no mundo a tristeza e a mortificação, e, afinal, quando era vivo, comia e bebia, deixava que lhe perfumassem os pés e os cabelos e detestava os jejuns hipócritas e as penitências vaidosas. Muito o abandonaram porque nunca o conheceram. A esses, especialmente, é que este livro desejaria ser útil.
Giovanni Papini, "História de Cristo", ed. Livros do Brasil, pág. 23.
Papini foi um imenso escritor, quer antes da sua conversão ao Catolicismo, quer na sua etapa anterior, “iconoclasta” e nietzschiana. Foi muito apreciado por Jorge Luis Borges, que o incluiu numa antologia dedicada à Literatura fantástica Na adolescência, li quase todos os seus livros traduzidos em português: “História de risto”, “Gog”, “O libro Negro - Novo Diário de Gog”, “Vigia do Mundo”, “O Diabo”… Era senhor de um estilo vivo, animado, cheio de metáforas e por vezes de exageros retóricos, mas sempre contundente e másculo, sem caír no “delico-doce” de muitos autores ditos crentes. É um autor a ser redescoberto quer por católicos, quer por não-católicos, independente dos seus “erros políticos” (foram , digamos assim, de extrema-direita - se tivessem sido de extrema - esquerda, a tolerância da posteridade teria sido muito maior…)
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Papini foi um imenso escritor, quer antes da sua conversão ao Catolicismo, quer na sua etapa anterior, “iconoclasta” e nietzschiana. Foi muito apreciado por Jorge Luis Borges, que o incluiu numa antologia dedicada à Literatura fantástica
Na adolescência, li quase todos os seus livros traduzidos em português: “História de risto”, “Gog”, “O libro Negro - Novo Diário de Gog”, “Vigia do Mundo”, “O Diabo”… Era senhor de um estilo vivo, animado, cheio de metáforas e por vezes de exageros retóricos, mas sempre contundente e másculo, sem caír no “delico-doce” de muitos autores ditos crentes.
É um autor a ser redescoberto quer por católicos, quer por não-católicos, independente dos seus “erros políticos” (foram , digamos assim, de extrema-direita - se tivessem sido de extrema - esquerda, a tolerância da posteridade teria sido muito maior…)
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