quarta-feira, 7 de março de 2012

"A Igreja Católica em crise", segundo Mário Soares



É sempre bom ver um papa falar de outro Papa. Há dias, 28 de fevereiro, Mário Soares escreveu isto no DN:
A Igreja Católica em crise. Também a Igreja, apesar das aparências, parece estar com problemas. O Papa Bento XVI, há dias, presidiu a uma cerimónia de proclamação de 22 novos Cardeais, de maioria europeia. Portugal ganhou mais um Cardeal. A Europa, aos olhos do Papa, que vai fazer 85 anos e tem problemas de saúde, no que toca à sua mobilidade, é considerada uma "terra de missão". Porque deseja cortar cerce com o que chama "o declive do catolicismo europeu". 
É certo que, nos últimos tempos, nos diferentes Estados europeus, mas não só, foram descobertos vários escândalos de abusos sexuais e relativamente aos negócios da Igreja. Mas, independentemente desses casos, o Papa tem outras preocupações: as sociedades materialistas do nosso tempo, a falta de valores éticos e um sistema económico em que só conta o dinheiro (tráfico de armas e de drogas, a ignorância dos Direitos Humanos e das questões ambientais). Por isso o Papa disse que "a Europa é uma vinha devastada por javalis". 
Na verdade a Igreja não pode deixar de se sentir mal com o capitalismo de casino, do tempo que vivemos. A doutrina social da Igreja, que esteve na base de uma das famílias políticas - a democracia cristã - que construíram a União Europeia (a outra, foi o socialismo democrático ou a social democracia) passou a ser completamente ignorada nos seus valores, quando os Partidos se tornaram populistas, conservadores e neoliberais (isto é, PPs), os quais, hoje, dominam a grande maioria dos Estados europeus. 
L'Osservatore Romano, periódico oficial da Santa Sé, descreve, num artigo recente, o Supremo Pontifície como "um pacífico pastor, rodeado de lobos". Nesta breve frase se sente o mal-estar do Vaticano, nesta Europa materialista e insegura em que vivemos, quando há, obviamente, uma crise de fé. Por isso, talvez, Frei Bento Dominges, no seu habitual artigo de Domingo, no Público, escreveu "a hora do Concílio é hoje". E acrescenta: "Tornar a sério a interfecundidade do diálogo com ateus, agnósticos, com outras configurações religiosas do Oriente e do Ocidente, com outras Igrejas cristãs, é um imperativo para um novo Concílio". Oxalá assim seja, diz um agnóstico, como eu...
Texto tirado daqui.

5 comentários:

Maria de Fátima disse...

Quem tem ânsias de protagonismo até da Igreja procura servir-se ...
Este não era socialista, laico e republicano ...? Que é que ele agora quer da Igreja ? Só lhe devemos proporcionar a conversão e nada mais. Quanto ao resto ... como secalhar mais ninguém lhe liga ... Mas, enfim, pode ser esse um princípio para que se salve. E isso não lhe podemos negar.

Anónimo disse...

Pois, pois, Maria de Fátima, e na Igreja já há tanta gente a querer protagonismo que era só o que faltava que viesse agora o Dr. Mário Soares a meter-se, não é?!
Então onde fica a sua caridade cristã, a sua benevolência e a sua Fé? Aposto que Jesus Cristo receberia o Dr. Mário Soares e todos os socialistas, laicos e republicanos de braços abertos.
E sem julgamentos!

João Silveira disse...

Ahaha. E já agora aposto que também recebeu o Hitler de braços abertos e sem julgamentos, porque não dizê-lo? Ou há julgamentos para uns e outros não?

Maria de Fátima disse...

Caro anónimo das 18.59:
Não estou a julgá-lo. Foi ele que disse ser o que é.
A minha caridade e benevolência está no facto de lhe dar o benefício da dúvida. ( O que é que Jesus Cristo exigiu ao jovem rico ? E ele o que fez ? ) Portanto certifiquemo-nos primeiro ... Defendamos a Igreja de pretensões socialistas, laicas e republicanas.
E quanto à minha fé digo-lhe que acredito que até o maior socialista, laico e republicano se pode converter ao Amor de Deus e ajoelhar-se a Ele.

Anónimo disse...

Ó "amado", quanta paciência é preciso ter!!!
"Não meças, para não seres medido, pois a medida com que medires, assim serás medido".

Há um sínodo?

O sínodo que está a decorrer em Roma é de uma probreza que nem franciscana é. Ou há lá coisas muito interessantes que não saem para fora ou ...