terça-feira, 13 de março de 2012

Faz teologicamente sentido rezar para que chova?

Estava visto que ia acontecer. Mais certo do que a chuva que há de vir, mais tarde ou mais cedo. Espero que mais cedo. O Bispo de Beja lamenta que “a população não acredita na providência divina, mas somente na previdência de Bruxelas” e que “noutros tempos já se teriam levantado súplicas ao céu a implorar a graça da chuva” (ler aqui) . Prestou-se a um coro de rizadas na imprensa portuguesa.

Como eu compreendo o Sr. Bispo, para quem tudo deve ser visto numa ótica de fé. E como compreendo os laicos colunistas, para quem tudo é visto numa perspetiva secular. Talvez, no entanto, os colunistas não saibam quer D. António Vitalino é um homem dado às tecnologias, sempre acompanhado do seu iPad, do seu portátil ou do seu smartphone (das três vezes que o vi tinha um destes objetos).

No entanto, arrisco que o pensamento dos colunistas é a mais correto. Faz sentido rezar para que haja alterações meteorológicas? Deus tanto faz chover sobre crentes como sobre ateus – vem nos evangelhos. Uma seca, um terramoto, um dilúvio ou um tsunami têm a ver com Deus? Sim, porque tudo tem a ver com Deus quando é interpretado pelos crentes, mais no para quê da vida do que no porquê dos fenómenos. Mas se pensarmos que a oração ou a falta dela tem interferência nestes fenómenos (em vez de ter no coração dos crentes, em primeiro lugar), arriscamo-nos a ver as catástrofes como castigos de Deus.

Como já alguém disse - e tem a ver com este assunto -, não sei se apoiado em alguma estatística oficial, a sinistralidade rodoviária não é menor nas estradas que levam a Fátima.

 No DN de hoje.

No JN de hoje.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se calhar faz mais sentido rezar para que chova do que adorar santos de barro, ou outro material qualquer, benzer objectos e outras aberrações que tais.
Rezar para que chova é mostrar caridade e compaixão, não só pelo ser humano, mas principalmente pela natureza, pelo Planeta Terra. Parece-me mais correto que este bispo queira rezar para que chova do que se pavoneasse a benzer estátuas e mesas de celebração.
Idolatria por idolatria, prefiro a idolatria do bom senso. A chuva faz falta e a Fé move montanhas!

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