domingo, 12 de fevereiro de 2012

A teologia da revolução de D. Januário segundo Alberto Gonçalves

Um excerto do DN de hoje, de um texto de Alberto Gonçalves (aqui). Mais um caso de usos  Os negritos são meus.
Teologia da revolução
Januário Torgal Ferreira, que desempenha a emérita função de bispo das Forças Armadas, prevê a queda do regime para breve. Desde sempre que me lembro de D. Januário ocupar o tempo a prever turbilhões do género. A cada quinze dias, o homem antecipa quedas de governos, regimes, sociedades e civilizações. Não obstante, os anos passam e ainda cá estamos todos. E, Deus seja louvado, D. Januário também.Mas o problema não é a absoluta falta de talento premonitório revelada pela eclesiástica figura. O problema, de resto bastante comum, é D. Januário parecer menos empenhado em acertar nas calamidades do que em convocá-las. Apesar da crise e da austeridade e do empobrecimento e da injustiça, uma pessoa olha em redor e vê um Governo cujo principal partido lidera destacadíssimo as sondagens e uma população que, acabrunhada com razão e às vezes com legitimidade, por enquanto (repito: por enquanto) não anda propriamente a espalhar a destruição pelas ruas. Em mais do que um sentido, Portugal de facto não é a Grécia ou pior. D. Januário, decerto sem querer, dá a impressão de que gostaria que fosse.É pena. Seria bom que, além de espantosamente conciliar a dimensão bélica com a religiosa, D. Januário não acrescentasse a política ao caldo. E seria óptimo que o caldo não inspirasse militares a sério, para cúmulo organizados em arremedos sindicais, a se meterem onde literalmente não são chamados. Um Otelo chega e sobra, assim na terra como no céu.
Nota histórico-teológica: Teologia da revolução foi o primeiro nome da teologia da libertação. José Comblin publicou em 1970 uma obra chamada "Teologia da revolução" (a expressão já era usada desde os anos 1950). Só depois, em 1971, Gustavo Gutiérrez publicou o seu "Teologia de la liberación - perspectivas", que fixou definitivamente a denominação desta corrente da teologia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente este bispo só me envergonha. Que aprenda com os seus colegas: Clemente, Couto, Cordeiro, Ortiga, Marto etc etc. Geralmente falam bem e assertivos. É igualzinho ao Cavaco. Fica muito bem estar caladinho. O problema dele é ordenado que tem e vida que leva. Aliás, o Vaticano devia tomar medidas no que respeita a este senhor. Não falou ele tanto no governo do Sócrates... Porque será? O dinheiro talvez diga algo. Estou muito de acordo com o artigo postado. É-lhe muito bem feito. Leva cada cacetada!

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