Antes tinha sonhos acerca da Igreja. Sonhava com uma Igreja que faz o seu caminho em pobreza e humildade, com uma Igreja que não depende dos poderes deste mundo. Sonhava que a desconfiança seria destruída; com uma Igreja que dá espaço a pessoas que pensam. Com uma Igreja que transmite coragem, especialmente àqueles que se sentem pequenos ou pecadores. Sonhava com uma Igreja jovem.
Hoje já não tenho esses sonhos. Com setenta e cinco anos [faz oitenta e cinco no próximo 15 de fevereiro] decidi-me a rezar pela Igreja.Cardeal Carlo Maria Martini, Colóquios nocturnos em Jerusalém, pág. 86 (ed. Gráfica de Coimbra 2)
9 comentários:
Faço minhas as suas palavras. São mesmo à minha medida.
Também eu rezo pela Igreja... porque já não há paciência para uma Igreja tão vaidosa, tão injusta, cobarde, mentirosa e retrógrada. Deus lhe perdoe!
Não podia ter falado melhor. Já somos três.
Este não foi o que levou banhada no consitório diante de Bento XVI? Não é de estranhar estas frases...
14:04
Acorde!
A demagogia é o meio mais fácil de recolher aplausos
A dor de cotovelo é o meio mais fácil para reagir.
A dor de cotovelo seria uma consequência, não um meio.
Ao analisar a evolução recente no pensamento de D. Carlo Maria Martini, chama-me atenção a rápida mudança em seu posicionamento a respeito de temas espinhosos. No livro citado, publicado há poucos anos, ele apresenta-se a favor da abstenção sexual no período pré-marital e não adota postura clara a respeito do homossexualismo. Em seu último livro, ele critica duramente a moral sexual da Igreja e defende, com todas suas forças, o reconhecimento das uniões sexuais. Adota, inclusive, a velha crítica aos ensinamentos milenares da Igreja: a doutrina católica não se adéqua à modernidade. Mudanças de 180º em período tão curto e em uma idade avançada sugerem que o Cardeal repentinamente sofreu grande desgosto pela Igreja. Qual seria o motivo?
P.S.: Surpreendi-me, ao ler o citado livro, com a postura, a meu ver, vazia do Cardeal a respeito dos desafios eclesiásticos contemporâneos. Ele sugere, unica e exaustivamente, que as soluções devem ser tomadas pelos jovens, como se as gerações mais velhas não pudessem contribuir. Acredito que, em vez de negar nossa tradição, deveríamos buscar apoio em nossa doutrina, para refletir sobre os problemas atuais. Jogar a solução dos problemas atuais exclusivamente para nós, jovens, parece-me um risco para a 'avacalhação' de nossa religião, como também uma demonstração de covardia no exercício do magistério.
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