segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A freira que abraçou o Papa



A Irmã Verónica tornou-se a grande figura do congresso sobre a nova evangelização, que decorreu no sábado e domingo passados, em Roma, não por ter sido a única mulher a falar (os outros que falaram: Fabio Suecun, bispo colombiano; Marco Bresanelli, astrofísico ligado ao Comunhão e Libertação; Vittorio Messori, jornalista; e o arcebispo Fisichella, que dentro de dias virá a Portugal para a ordenação do novo bispo auxiliar de Lisboa), mas por ter rompido o protocolo ao abraçar e, suponho, beijar o Papa.


A freira fundou em 2010 a Iesu Communio, uma congregação dedicada à evangelização dos jovens, e é irmã do bispo de Ciudad Rodrigo, D. Raúl Berzosa.


19 comentários:

maria disse...

Isto só mostra a desumanidade que grassa na Igreja.

Anónimo disse...

A desumanidade??? Acabo de ver o vídeo do post e não me parece.

maria disse...

(uma mulher precisa de explicar tudo) :)

porque é que isto é notícia? devia ser algo natural. pessoas que se estimam dão abraços. Seja ao papa seja a quem for.

Anónimo disse...

Então tens muito que fazer maria. Vais ter de eliminar todos os jornais, os telejornaise rádios. Queres exemplos: o clube A, B, C de futebol está a almoçar a tal horas; ministro entra na viatura etc etc etc. Isso é que são pantominices como se diz na minha terra. Não vejo nenhum problema no post, bem pelo contrário.

maria disse...

(tenho mesmo que explicar tudo...e, quem sabe, acrescentar uns desenhos)

Não restringi o meu comentário ao post. O post não tem mal nenhum (embora eu não saiba quais as intenções do autor quando o publicou.)
Acho perfeitamente natural o abraço. Não acho natural a reserva de afectos que existe na Igreja. Ou termos chegado ao ponto em que o protocolo é que determina quem está com o papa e como. E qualquer quebra do protocolo é notícia.

Eu não tenho que eliminar nada fora de mim. Convivo bem com os media que temos: só leio e vejo o que me interessa. É claro que tenho de rejeitar muito lixo...mas basta-me, ainda, ter escolha.

Anónimo disse...

Completamente de acordo, Maria!

Anónimo disse...

Já abracei e cumprimentei calorosamente muitos padres, muitas irmãs, freiras, missionários, bispos e até um dia um cardeal. Na Igreja não se reserva afectos, diria que é o lugar priveligiado para mostrar afecto e partilhar Amor. Agora depende é como e que tipo de Amor, e não um amor qualquer. claro que não me espanta a segurança que rodeia o Papa, e até outras pessoas que convivem com ele, pois são alvos fáceis de "afectos" mal intencionados. Maria parece Marta, preocupa-se com o acessório e não o essencial.

maria disse...

Maria Marta ou Marta Maria, tá muito bem! Não leio que Marta se fixasse no acessório. Nada mesmo. Isso cheira-me à velha e falsa dicotomia entre acção e contemplação. Sendo mais válida a segunda em detrimento da primeira. Nem os evangelhos nem a Bíblia fazem essa distinção.

Mas podia explicar-me o que distingue o Amor de um "amor qualquer"?

maria disse...

ah, e ganha-me no campeonato de abraços a bispos e etc. Mas isso não invalida as afirmações que fiz.

Anónimo disse...

Invalida na medida em que os membros da Igreja não se fecham a demonstrações publicas de afectos como abraços. MAS, no caso do Papa há certas condicionantes "protocolares" de segurança que têm de defender a sua integridade física, e isso não diminui a sua afectividade para com a comunidade cristã. Até se percebe bem, com atenção, os seus cuidados e afectividade nas suas "muitas" palavras e documentos. Aposto que se calhar não houve um Papa entre os mais recentes que não abdicasse prontamente do seu Papado para estar mais perto das pessoas e não constrigido por estas medidas de segurança. Mas isso não quer dizer que a Igreja seja fria, sem afectividade e muito menos des-humanizada. E eu nem sequer imagino o que é viver nos sapatos (vermelhos) do Papa Bento XVI, e não o invejo em nada.

Anónimo disse...

Na Biblia é claro, com a devida atenção, de que a contemplação não é nada sem a acção, e a acção não serve de nada sema contemplação. No AT há muitas passagens em que Deus exorta o seu Povo a ler e guardar a sua Lei, sendo que nesse momento da História da Revelação a Lei era o mais próximo que se estaria de Deus e do cumprimento Sua vontade. Nos Evangelhos é evidente, sem ser preciso muita atenção, que Jesus avançava nos momentos mais importantes da sua vida depois de orar, há imensas passagens em que ele se afasta para orar, ou contemplar. MAS, a acção é sempre acessória da contemplação ou oração, diálogo com Deus, pois é sempre o primeiro passo. E Jesus na passagem de Marta e Maria, faz claramente essa distinção, a não ser que haja uma outra leitura da pssagem a que estejas pronta para me esclarecer.

Anónimo disse...

A melhor chave para compreensão desta passagem é "Viver com Mãos de Marta e Coração de Maria", com as duas e não desprezando nenhuma. As duas irmãs erraram, pois uma só se preocupou com os trabahos da casa e a outra com ouvir e estar com Jesus. Jesus repreende Marta pelo comentário que faz à sua irmã, pois é um pouco a atitude do irmão mais velho à chegada do irmão mais novo a casa e ser recebido com o melhor cordeiro, também no Evangelho de Lucas. Jesus diz a Marta que ela se preocupa com muitas coisas, e que a melhor parte é o que se recebe do Pai através Dele, pois isso ninguem nos pode tirar, ao contrário das obras das nossas mãos que depressa desaparecem. Em Jesus não dicotomias paranóicas, Ele foi o Verbo que fez o que disse e disse o que fez.

Anónimo disse...

O Amor é amar como Ele nos ama, a Regra de Ouro é fazer aos outros o que queres que te façam a ti, que não é exlusiva do cristianismo mas um traço comum nas religiões mundiais. Agora, para saber como Amar como Ele é preciso passar tempo com Ele, contemplar ou orar as Suas Palavras, colocar-me lá ao Seu lado com a minha imaginação e depois passar à acção e Amar. O que diferencia este Amor de um outro "amor qualquer" é o facto de que este é o que Paulo descreve na Primeira Epístola aos Coríntios, o ágape que se diferencia muito bem do eros. O ágape não precisa de abraços para se demonstrar e viver, enquanto que o eros já é mais condicionado pelo corpo. Paulo também diz que pode fazer muito, ter muitas ocupações e preocupações (Marta), mas se lhe falta o Amor, de nada lhe servem estas coisas. CUIDADO, não estou aqui a criar mais uma dicotomia "falsa e velha" e voltar ao principio desta troca de ideias da falta de afectividade na Igreja e des-humanização. Se o Amor não é o que Paulo descreve, então é um amor qualquer. Parece-me evidente.

Jorge Pires Ferreira disse...

Fui lendo os comentário da Maria, com quem basicamente concordo, e os dos anónimos (suponho que são dois), incluindo a exegese sobre Marta e Maria, com quem não posso dizer que discordo. Como quase sempre, diferentes pontos de vista que talvez manifestem mais um acordo global do que um desacordo particular.

Como a certa altura falaram da intenção do autor do post, esclareço que reelaborei a notícia a partir de várias fontes porque, como elas, também achei que havia algo de insólito para ser notícia. A freira sabia que não devia fazer o que fez. E o Papa não sabia o que fazer com os braços. Mas não se saiu mal porque se limitou a deixar-se estar. Dificilmente se verá este Papa a abraçar alguém - e muito menos espontaneamente.

Isso pode não querer dizer nada de especial a não ser realçar a conhecida timidez de Bento XVI, que nunca esteve apaixonado por ninguém - só o sei porque é o seu irmão que o diz no recente livro - , mas não são descabidas as leituras sobre o complexo sexual católico (sim, há um, que deriva da conexão da suposta pureza sexual com o exercer o sacerdócio ministerial), para além do feudalismo (o sexo e o poder andam juntos) que é o beija-mão papal. As pessoas querem e o Papa não se opõe. Mas é necessário? Revela o quê? Também com chefes de Estado há protocolos, roupas próprias e sessões do género. Mas Jesus, falando do poder e dos primeiros, uma vez disse: "Entre vós não seja assim..."

Mas a notícia é mesmo a quebra do protocolo. E o afecto da freirinha que vê no Papa um papá.

Anónimo disse...

Pensar que poderia estar privada durante toda uma vida do calor de um abraço arrepia. Nem dar nem receber... Pensem nisto... É desumano sim!

Anónimo disse...

Não é desumano se for assim a escolha de uma pessoa e com isso procurar encontrar algo ainda melhor, pelo menos no que diz respeito aos valores dessa própria pessoa. Que não possa imagina o que é, por exemplo viver num convento de clausura, isso não é problema de uma irmã ou irmão que toma essa opção. O mesmo pode-se dizer de alguem consagrado que não compreende como é dormir todos os dias na mesma cama com uma outra pessoa e ter relações sexuais. Vocações, chamamentos, não são totalmente compreensiveis de um lado do "rio" para o outro. Não há nada nos Evangelhos que se oponha a abraços e afectividade. É verdade que na história da Igreja, levado pelo pensamento platónico de que o corpo é a prisão da alma, e pensamentos de que o mundo é fonte de sofrimento, bem como uma leitura muito errada da simbologia de Adão e Eva, levaram gerações de cristãos a pensar que a afectividade deveria de ser suprimida, erradamente. Mas hoje, especialmente se se vive em Igreja, a afectividade não está suprimida como dantes. A proximidade de muitos padres de paróquia é calorosa e afectiva. Mesmo o exemplo do novo Bispo apresentado aqui há dias, mostra o mesmo de como a "hierarquia" da Igreja está cada vez mais próxima e longe de protocolos. A afectividade nem sempre se mostra só por abraços e ternuras, mas muitas vezes por colocar os outros acima de nós e servir-los para que possam ser felizes. Há sinais de mudanças, há muitas coisas que vão mudando a seu próprio ritmo, e não podemos esperar revoluções, que geralmente dão maus resultados. Veja-se o que a nova liberdade sexual e de afectos dos anos 60 trouxe-nos como sociedade até aos dias de hoje. Desumano é pensar que alguem não pode viver sem dar ou receber abraços... isso mostra a falta de um sentimento básico de ser humano, a compaixão. Ser capaz de sair de mim mesmo e compreender o outro tal como é e sem a julgar segundo os meus próprios valores subjectivos.

Anónimo disse...

Oh Jorge são três anónimos. Fui eu que rrespondi à Maria. Repito: o post está fixe, os comentários da Maria são Pantomineiros e mai nada. Bom trabalho.

maria disse...

Jorge, gosto do tom equilibrado do seu comentário.

Anónimo numero não sei quantos: está tão ciente da sua verdade que já chega para classificar de pantomineiros os meus comentários. Continue que vai bem!

Anónimo disse...

Deus criou-nos para cultivar o Amor. Há muitas formas de Amar e não me parece que a manifesta misoginia da igreja católica seja a melhor forma de AMAR.
Respeito a decisão dessa igreja, mas não concordo!

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