O Papa visita a Alemanha de 22 a 25 de Setembro. Vai daí, a revista “Der Spiegel” revolveu espelhar na sua última edição uma entrevista a Hans Kung. Claro que entrevistar o teólogo suíço sem umas críticas a Bento XVI, Roma e o Vaticano seria defraudar as expectativas.
E o que diz Hans Kung?
Diz que Bento XVI “oculta a situação de emergência na Igreja Católica”, que esta sofre do “sistema romano”, que as grandes concentrações de multidões nada de novo trazem à Igreja (“nem mais paroquianos na missa, nem mais aspirantes aos sacerdócio, nem menos abandonos da Igreja”), que está a acontecer a “putinização” da Igreja. "Na prática, tanto Ratzinger como Putin colocaram os seus antigos colaboradores em postos dirigentes e liquidaram aqueles que lhes eram adversos", diz. Afirma ainda que há um sistema de denunciantes. “Na Alemanha, os párocos de tendências reformadores, mas também os bispos, devem ter medo de ser denunciado em Roma” (li aqui).
Quem me dera que Kung não tivesse razão. Algumas das questões apontadas não têm a ver com Bento XVI, especificamente, mas com a má tradição da Igreja. Penso concretamente no medo da reforma, que é um medo de discussão e reflexão (um medo de partilha de poder, de democracia, ou, falando eclesialmente, de serviço), num certo culto da personalidade, das dioceses a Roma, que é um medo de autonomia e iniciativa (herança do sistema feudal, por um lado, e , por outro, falando a partir dos Evangelhos, enterrar talentos em vez de os pôr a render). Isto não é exclusivo dos tempos de Bento XVI. Perpassa por toda a Igreja em muitos tempos e geografias. Sente-se mais com Bento XVI?
3 comentários:
Deve andar a dormir o Kung. As estatísticas dizem-nos que as vocações disparam sempre em ano de JMJ. Sobretudo quando são na Europa. Mas ele lá saberá porque faz algumas afirmações. Não será algum racalcamento???
As estatísticas disparam? Hummm. Talvez se refira ao apelo dos neocatecumenais, que no dia a seguir às Jornadas fazem um ajuntamento e os e as jovens oferecem-se para padres e feiras. Este ano, em Madrid, falava-se em 5000 mil rapazes e 2300 raparigas. Mas esse é um trabalho de anos e anos. As jornadas mundiais são só o pretexto para se levantarem. De resto, o mesmo jovem neocatecumenal levanta-se em várias ocasiões. Ou seja, muitos desses 8300 são os mesmos 700 que se levantaram em Fátima, no dia 14 ou 15 de Maio de 2010.
Mas obrigado pelo seu comentário.
Desculpe a interpelação. No mundo de hoje o que queria? Um padre para cem habitantes??? Casamentos para toda a vida??? Vamos às estatísticas...
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