segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dificuldade em conviver com a pluralidade, com a liberdade de opinião

Um leitor chama a atenção para duas notícias na imprensa diária nacional de hoje. Reproduzo o comentário (inserido na entrada da oração de Inácio de Loiola) e, mais abaixo, as notícias em questão. "O que isto mostra, e é bastante preocupante, é a dificuldade na convivência com a pluralidade, com a liberdade de opinião". Subscrevo.  
(...) Certamente irá dar a atenção devida a duas notícias. Uma vem no "Público", outra no JN. Aparentemente não têm ligação, mas, se repararmos bem, estão interligadas. 
No "Público" é dito que D. Policarpo foi chamado ao Vaticano para dar explicações. O motivo foi ter dito que não havia obstáculo teológico à ordenação de senhoras.O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé parece que também lhe escreveu, via Núncio, e a leitura terá deixado D. Policarpo com ar grave. 
Que se saiba, a opinião de um cardeal em nada belisca a posição do magistério. Que, como se vê, continua invariável.O que isto mostra, e é bastante preocupante, é a dificuldade na convivência com a pluralidade, com a liberdade de opinião. Isto toca os direitos humanos. 
Não admira, por isso (e aqui chego à segunda notícia), que o mais novo bispo de Portugal tenha dito, ao JN, não esperar criar nada de novo. 
Pode ser um exercício de humildade, mas o mais certo, sobretudo para alguém que vem de Roma, é que D. José Cordeiro saiba que a novidade não é muito apreciada. Isto apesar de a Bíblia dizer que «tudo foi renovado». 
Está visto que a renovação não é uma questão etária.Há quem seja novo em idade e velho nas ideias. Ou na ausência delas. Tudo isto é muito esclarecedor acerca dos tempos obscuros que estamos a reviver. 
Sem entrar em polémicas, deixo este testemunho como apelo à reflexão. Pelo menos, este direito/dever não nos foi retirado. Até porque decorre de um dom dado por Deus a todos.
Notícia do "Público" de 1 de Agosto de 2011

Do "Jornal de Notícias" de 1 de Agosto de 2011

5 comentários:

Anónimo disse...

Muita gente vai ter muitas surpresas com o novo bispo. Por onde tem passado tem deixado muitas coisas positivas. Não criar algo de novo??? Parece-me que há aqui uma grande confusão acerca da palavra conservador. Acho que é no conservar os mistérios divinos que aparece a novidade. Mas a ver vamos... Não é por acaso que foi nomeado aos 44 anos. Quem o conhece sabe que Porto e Lisboa ainda hão-de "chorar" por ele. Conhece bem a maior parte dos bispo portugueses e este comparado com a maior parte daqueles dá vontade de dizer: lufada de ar fresco em todos os sentidos.

Jorge Pires Ferreira disse...

Desejo sinceramente que o sr. tenha razão. Para o bem dos brigantinos e de todos os portugueses. Obrigado pelo seu comentário.

Anónimo disse...

Sinceramente, espero que as expectativas do anónimo se confirmem. Já tivemos expectativas muito altas com bispos que, enquanto padres era, lufadas de ar fresco. O que tem sido habitual nos últimos tempos é a recusa dessa lufada. Há países onde é habitual nomearem bispos com a idade de D. José Cordeiro e que são de um conservadorismo atroz, embora muito simpáticos.
Aquilo que ouvimos do novo bispo é, realmente, promissor, mas a prática não permite ter grandes ilusões.Oxalá o anónimo esteja certo. Gostaria imenso.

Anónimo disse...

Acerca do caso de D. José Policarpo, seria bom enquadrá-lo no capítulo dos direitos humanos.

Que o Papa tenha a sua posição e a aplique, respeita-se.

Mas que se impeça de outras vozes manifestarem o que entendem, não se percebe.

D. Policarpo teve de fazer algo parecido com Galileu.

Como se viu mais tarde, Galileu é que estava certo.

Aguardemos.

Anónimo disse...

Quem me guia é Deus não é o Papa. D. José Policarpo é conservador mas ainda não lhes chega. Jesus nunca abdicou da Sua liberdade e expulsou os vendilhões. O mandamento foi o do amor.

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No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...