quinta-feira, 14 de julho de 2011

Verdade, relativismo e humildade na procura

Quando o discurso de Bento XVI contra o relativismo vai criando seguidores, o que em si será  positivo se na base estiver mais a procura dialógica da verdade do que o mero seguidismo, esquece-se por vezes o que fizeram os que se arvoraram em detentores da verdade, fossem políticos, religiosos, filósofos, cientistas.  Na linha da Gianni Vattimo, não vejo o relativismo como o maior dos males, mas como um contexto em que eu próprio tenho de dar razões das minhas convicções, opções, valores, esperanças.
Lembrei-me disto, porque me parece que também falta uma defesa crítica, eclesial, do relativismo e do pluralismo, ao ler Timothy Radcliffe ("Ser cristão para quê?", pág. 170-171):
As reivindicações de verdade estão associadas a intolerância, arrogância e doutrinação. Mesmo dentro de cada casa uma destas religiões [cristianismo, islamismo, hinduísmo], as interpretações dos textos sagrados são amargamente disputadas. Como cristãos, afirmamos que a Bíblia é verdadeira, mas há uma vasta proliferação de interpretações da Bíblia. Encontrar a mais bizarra tem sido comparado à tentativa de identificar a mais feia das estátuas da Rainha Vitória; uma competição muito renhida.Apesar de tudo, acreditamos que a verdade pode ser procurada pacientemente e com humildade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais grave que o relativismo é o falhanço na relação. Absoluto só Deus e o Homem. Todas as posições são relativas (no sentido de relacionais) a começar pelas que se pretendem absolutas, inamovíveis.
Mas até a linguagem atraiçoa ou revela. A afirmação que pretende impedir a ordenação de Senhoras deixa tudo em aberto. A frase de João Paulo II é esclarecedora: «A Igreja não tem a faculdade...»
Repare-se: «Não tem». Não diz «não terá».
O futuro (esperamos que breve) trará a justiça e a verdade.
Parabéms pelo blog.

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