quarta-feira, 15 de junho de 2011

Olegario González de Cardedal e os grandes teólogos

Há dias, um leitor deste blogue comentou que Ratzinger "está entre os 5 melhores teólogos, mais importantes".   "E, já agora, no pódio", acrescenta (aqui).


Eu não sou um ratzingueriano, mas gostava de ter a certeza de que aquele que agora é Papa deu um contributo positivo ao desenvolvimento da teologia. Como teólogo que é, penso que sim. Como cardeal que foi, com o pelouro da investigação teológica (Congregação para a Doutrina da Fé), parece-me que não, pelo menos segundo o meu modo de conceber a teologia.


Diversas linhas de investigação teológica, mesmo sabendo que a teologia está ao serviço da fé, foram interrompidas graças a Ratzinger. E não é por acaso que alguns teólogos (estou a penar em dois, um da área bíblica e outro da filosofia), mais em comentários orais do que por escrito, vão dizendo que os livros de Ratzinger / Bento XVI sobre Jesus de Nazaré são "ajustes de contas" com a investigação alemã.


De qualquer forma, um modo simples e prático de avaliar se Ratzinger é "um dos grandes teólogos", é ver o que os manuais de teologia publicados antes da última eleição papa dizem de Ratzinger. Geralmente o seu nome aparece quando, depois de se falar dos "monstros sagrados" (Barth, Rahner, Congar, Lubac...) e das correntes, há que nomear em lista aqueles outros teólogos dos quais, enfim, convém saber o nome. É lá que aparece Jospeh Ratzinger.


Um dos primeiros laureados com o Prémio Ratzinger tem sensivelmente a mesma opinião:

Religión Digital -  Qual é o melhor teólogo, o seu preferido?
Olegario González de Cardedal - Não se pode falar nesses termos. Não se pode fazer um ranking entre Orígenes, Ireneu, Pseudo-Dionísio, Tomás, Lutero, Occam… Num momento do livro ["La teología en España, 1959-2009"], eu digo “se me pergunta por dez, quantos? Se me pergunta por quatro, quantos? 
- E se lhe pergunto por cinco?
- A teologia é como a Faculdade de Medicina: um pediatra não é o mesmo que um obstreta. (…) Dos do século XX, eu, fundamentalmente, área francesa, sensibilidade bíblica, histórica, espiritual… Lubac e Yves Congar. E, por capacidade teórica, sistemática, as reflexões de Rahner e Balthasar, na Alemanha. Destes quatro para o resto vai muita distância. 
- Mesmo em relação a Ratzinger?
- Com certeza.

Ler a entrevista toda aqui.

2 comentários:

Anónimo disse...

Quer goste ou não, para mim Ratzinger é dos melhores teólogos e está no pódio. Vale mais a "Caritas est" do que todos os "tratados" de Rahner. Fraco em Liturgia este papa, mas repito: dos 3 melhores téologos de sempre. prova: é ver a maior parte das citações dos doutoramentos de hoje, quase todos eles têm de ir a Ratzinger. Obviamente que este Papa (e bem) não vai em Gays, Abortos, Homossexualidade, Mulheres no sacramento da Ordem etc etc. Por tido isto Ratzinger é penalizado. Pois para mim é precisamente o contrário. Goste-se ou não...

Jorge Pires Ferreira disse...

Obrigado pelo seu comentário. Gostei de ler a "Deus Caritas est", que de facto me parece inovadora ns forma como aborda o eros, mas sem consequências ao nível da acção papal que se seguiu. Falar do eros como falou deveria, quando a mim, levar a questionar alguma da doutrina católica precisamente em relação aos assuntos que apontou e mais uns quantos.

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