quarta-feira, 4 de maio de 2011

Não se podia evitar a morte de Bin Laden?

O mui católico presidente do Peru disse que o primeiro milagre de João Paulo II, após a beatificação foi levar do mundo “a encarnação do mal, a encarnação do crime e do ódio” (li aqui). Um jesuíta afirma que “talvez a confluência de eventos seja providencial” (li aqui, ao lado da foto de João Paulo II com Agca). Espero que nem uma coisa nem outra.

Eu não gosto nada do Bin Laden, mas acho que não devia ter sido assassinado, por mais razões de Estado que haja. Sabendo como é importante o funeral para um muçulmano, ouvi com estranheza as declarações norte-americanas sobre o funeral digno e, ao mesmo tempo, a notícia sobre o lançamento do corpo ao mar. Compreende-se. Sem sepultura fixa, não há peregrinações. Mas digno, para um muçulmano, é na terra.

Por outro lado, seríamos incapazes de viver com um Bin Laden preso? Ou mesmo em liberdade depois de cumprir uma pena? Não aceitamos a possibilidade de regeneração do ser humano?
Vale a pena ler a opinião de Atilio A. Boron (na imagem), mesmo quando não se desconfia por sistema dos EUA (é o meu caso):
Há um detalhe nada anedótico que torna ainda mais imoral a bravata norte-americana: poucas horas depois de ser abatido, o cadáver do suposto Bin Laden foi jogado no mar. A mentirosa declaração da Casa Branca diz que seus restos receberam sepultura respeitando as tradições e os ritos islâmicos, mas não foi assim. Os ritos fúnebres do Islã estabelecem que se deve lavar o cadáver, vesti-lo com uma mortalha, fazer uma cerimônia religiosa que inclui orações e honras fúnebres para só depois ser enterrado. Além disso, se especifica que o cadáver deve ser depositado diretamente na terra, recostado sobre o seu lado direito e com o rosto voltado para Meca. Na realidade, o que se fez foi matar e “sumir” com uma pessoa, supostamente o Bin Laden, seguindo uma prática abominável utilizada, sobretudo, pela ditadura genocida que assolou a Argentina entre 1976 e 1983. (Ler tudo aqui).

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