segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Padre Júlio era um padre especial", texto de Manuel Alegre

Uma boa passagem para lembrar o 25 de Abril, que em Portugal é feriado devido à revolução de 1974 (breve explicação para quem lê este blogue a partir de Pindorama: a também chamada revolução dos cravos pôs fim a 48 anos de ditadura, uma ditadura que tanto contou com o apoio da Igreja católica como teve em alguns dos seus membros os mais destacados opositores), e em Itália é vivido como a “Festa della Liberazione”, comemorando a libertação da Itália, por expulsão dos alemães pela resistência italiana, em 1945, no final da II Guerra Mundial (Mussolini é executado pela resistência no dia 28 de Abril de 1945):
Padre Júlio era um padre especial, diga-se desde já. Vociferava contra os ricos e transformava cada homilia num inferno de caldeirões e almas a arder. Pregava contra os pecados da carne e do dinheiro, mas almoçava sempre em casas de boa mesa. Era visto de mãos dadas com senhoras devotas. Dizia mal da política e dos políticos, mas era membro do partido único, a União Nacional. Parecia um revolucionário, mas fazia frequentemente o elogio de Mussolini. Era um padre original. 
Quando Xavier lhe confessou as dúvidas sobre a existência de Deus, ele respondeu-lhe: E quem é que as não tem?
Excerto de “A Terceira Rosa”, romance de Manuel Alegre

1 comentário:

Só há doze bispos no mundo. São todos homens e judeus

No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...