Num debate televisivo que, pelo que pude presumir, tinha como base o livro aqui referido, porque estava lá o seu autor, Vítor Bento, mais Morais Sarmento (PSD) e Francisco Assis (PS), este último dizia que um governo de santos seria catastrófico como foram os da história. Falava-se de ética, moral, economia e política. Os dois primeiros defendendo que as coisas são inseparáveis, o terceiro temendo a inseparabilidade. No fundo, todos diziam que tem de haver ética e moral, mas havia nuances.
Ora, assim de repente, não me lembro de nenhum governo de santos. Governos teocráticos, sim. Pessoas religiosas à frente dos governos, sim. Savonarolas, Khomeinis, e piedosos, sim, e horríveis para quem teve de ser governado. Mas santos, nem um. Por uma razão simples, os santos só são proclamados santos depois de morrerem. De resto, se olharmos para os governantes que foram ou podem vir a ser santos (S. Luís de França, K. Adenauer, A. Gasperi, R. Schuman…), penso que não há nada a temer e muito a imitar.
S. Tomás de Aquino dizia que a principal qualidade dos políticos não é a piedade mas a justiça no serviço ao bem comum. Creio que essa é também uma qualidade dos santos. Essa e não mentir, por exemplo. Como sabemos, a política pós-Maquiavel ignora a ética. Não interessa a legitimidade dos meios. A mentira é um entre muitos meios, todos legítimos para a manutenção do poder.
4 comentários:
Excelente análise. No fundo, o que alguns pretendem é afastar a ética da política. Convinha corrigir «emitar» por «imitar».
Obrigado pelo seu comentário e pela correcção, que já fiz.
Olá, Jorge
1. A política "pré-Maquiavel" era ética?
2. O que leu de Machiavelli, ou acerca deste, que o leva a tirar esta estonteante conclusão historico-filosófica?
saudações
Caro Vítor Mácula,
ensaiei uma resposta as suas observações. Obrigado pelos seus comentários.
http://tribodejacob.blogspot.com/2011/04/tomas-maquiavel-e-etica-na-politica.html
JPF
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