Jennifer Fulwiler, colunista do “National Catholic Register”, apontou cinco concepções erradas dos católicos sobre os ateus. Refira-se que, tendo crescido num ambiente ateu, foi baptizada aos 33 anos, na Páscoa de2007 (o que, até pela atenção que lhe é dada, faz sempre pensar que mais vale um ateu convertido do que 99 católicos de carreira), sabe do que fala. O texto original está aqui. Traduzo apenas os títulos das “five common misconceptions about atheists”:
1. Eles sentem falta de algo.
2. Acham que a Bíblia é convincente.
3. Estão à vontade com a doutrina católica.
4. Podem ser convencidos apenas por argumentos.
5. Estão imunes ao poder da oração.
A isto gostava de acrescentar mais cinco atitudes que os católicos deve ter para com os ateus.
1. Ouvir os argumentos em vez de pensar que temos a verdade toda, à partida. Os ateus também pensam - não é irrelevante afirmá-lo em ambiente católico. Alguns pensam muito bem. Alguns até descobrem que os crentes costumam manipular argumentos e factos (estou a pensar no estafado argumento contra o aborto, muito usado por crentes, segundo o qual Beethoven nasceu depois de uma série de crianças portadoras de deficiência, quando foi o segundo filho). Outros colocam questões que, na verdade, devem ser pensadas. Um deles dizia daquele argumento de C.S Lewis, segundo o qual, se Jesus disse que era o salvador, das duas uma, ou era mesmo ou era mentiroso. Parecendo inviável a segunda, resta a primeira hipótese. Observa um dos ateus mais em voga: “E não excluem a hipótese de ele, Jesus, estar enganado?” Pois, tem de ser considerada num confronto deste género.
2. Evitar dizer com triunfo, ao mínimo pretexto, “Ah! Você não acredita num Deus em que também eu não creio”, até porque eles podem perguntar: “Então qual é o Deus em que crê?” A resposta não será, necessariamente, uma pérola de fé e teologia.
3. Ter consciência do aspecto purgativo do ateísmo. A Igreja já o disse várias vezes. Há muitos ateus que o são por causa das ideias, práticas, valores dos cristãos. Aliás, geralmente os ateus são ateus católicos, ateus protestantes, ateus ortodoxos, isto é, ateus contra a cultura cristã em que vivem. O que os ateus dizem terá sempre o aspecto positivo de nos fazer pensar. Contribuem muito para uma fé esclarecida e mais forte.
4. Evitar o raciocínio “és ateu, logo, és a favor do divórcio, do aborto, do amor livre”, ou “não tens Deus, não tens qualquer referência moral”, não só porque se arranjam católicos que também são a favor daquilo tudo como há ateus que têm altos padrões morais. E há ateus que estão em lutas, principalmente no campo social, que passam ao lado de muitos católicos.
5. Convidá-los para jantar lá em casa. É mais o que une do que o que separa. Alister McGrath diz do diálogo entre crentes e cientistas (em “O Deus de Dawkins”): “Ao ouvirem-se mutuamente, talvez possam ouvir cantar as galáxias. Ou mesmo os ceús, declarando a glória do Senhor (Salmo 19,1)”. Ao partilharem uma boa refeição, podem saborear juntos um bom vinho. E o bom vinho faz milagres.
2 comentários:
Achei este post muito interessante e concordo com o que escreve. Coloquei um post no Regador, com a devida vénia: http://regador.blogspot.com/2011/03/tribo-de-jacob-cinco-ideias-erradas-dos.html
Sinta-se à vontade para o fazer. Abraço.JPF
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