Precisamos da cura do tempo? O monge alemão Anselm Grun, um dos mais populares autores espirituais da actualidade, defende uma compreensão do tempo que alguns diriam rotineira, mas que permite revelar a qualidade própria de cada dia.
Seguindo a tradição da Igreja, a segunda-feira é dia da Santíssima Trindade. “Sei que não trabalho a partir de uma fonte de energia própria, mas a partir da fonte do Espírito Santo”. Na terça, “recordamos que não percorremos o dia sozinhos, mas que o anjo nos acompanha”. À quarta, recorda-se S. José. A quinta é o dia da Eucaristia, onde se celebra a transformação do trabalho. A sexta é o dia da morte de Jesus, o “tempo em que o Deus eterno produziu em nós a prosperidade, através da morte de Jesus”. O sábado é sempre consagrado a Maria. E a culminar a semana, o dia do Senhor.
“A semana tem, assim, uma estrutura. O ritmo sempre igual que nela penetra, vindo de fora, confere à semana a sua marca e não permite que o aborrecimento surja. Na heterogeneidade dos dias encontramos uma tensão e vitalidade interiores. Sinto que este ritmo me é benéfico. Dá-me vida e ânimo, não só para trabalhar, mas também para ter tempo suficiente para ler, rezar e descansar. Depois do domingo, começo o trabalho na segunda-feira de manhã com um novo entusiasmo. Não há qualquer relutância, mas sim o sentimento de que tudo está certo. E nunca fico com a sensação de que tudo é um exagero”, afirma Anselm Grun no livro “Ao ritmo do tempo dos monges”, que, ao contrário do que o título sugere, é uma partilha para que os leigos, que não vivem em conventos nem em mosteiros, vivam o tempo não como um peso, mas como o acontecer da salvação.
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