O capítulo 7 do livro “Luz do Mundo”, intitulado “Habemus Papam”, e primeiro da segunda parte ("O Pontificado"), para mim, foi o mais revelador, até agora, da leitura intermitente que venho fazendo.
Duas coisas que eu não sabia e fiquei a saber (a primeira considero-a uma lacuna apreciável, embora em seja mais abelardiano do que claravalense). A primeira: a pedido do Papa Eugénio III, São Bernardo de Claraval redigiu um exame de consciência intitulado “O que um Papa tem de ter em consideração”. Pelos vistos é leitura obrigatória dos Papa. Numa próxima oportunidade, obviamente sem pretensões papais, vou querer ler tal livro. Diz Bento XVI: “As «considerações» de Bernardo são, naturalmente, uma leitura obrigatória para qualquer Papa. Lá estão também advertências importantes, como por exemplo: «Lembra-te de que não és um sucessor do imperador Constantino, mas sim o sucessor de um pescador»”.
É uma consideração sem dúvida alguma importante, porque durante a maior parte da história os Papa procederam exactamente em sentido contrário. Dessas «considerações» Bento XVI realça principalmente uma: não ficar absorvido no activismo.
A segunda: Paulo VI tinha um diário. Escreveu na noite da eleição sobre o “profundo sentimento simultaneamente de mal-estar e de confiança”. Chegou a pensar em suspender a oração do Angelus a partir da janela do Palácio Apostólico. Escreveu, diz Seewald: “Que necessidade é esta de querer ver uma pessoa? Tornámo-nos um espetáculo”.
Bento responde que compreende os sentimentos de Paulo VI, mas que interpreta que o desejo das pessoas como um desejo de contactar com o “representante do Santificado, com o mistério de que existe um sucessor de Pedro”. Não se trata de uma “homenagem pessoal”.
De qualquer forma, mais aumentou a minha admiração por Paulo VI, o maior Papa do século XX.
1 comentário:
Excelente este post. Só faltou ao Paulo VI "acabar" com a cadeira quando saía para a rua entre o povo. Nunca gostei daquele transporte, talvez pelo facto de ser transportado por 4 pessoas e estar a ser carregado, não sei... As imagens que sempre vi de papas anteriores e de Paulo VI incluído nunca me agradaram.
Este tema faz lembrar a conversa de muita gente de hoje: para quê a existência de um palácio como o Vaticano. Mas há o outro lado da questão: e a beleza desse património?
Já agora, para mim também foi o Papa do século XX: no que disse, escreveu e tentou fazer. Talvez a Humaae Vitae foi o seu "calacanhar". Mas esperemos que a Igreja avance mais neste campo. Tenho muita esperança em muitos teólogos que conheço e que espero que ajudem muito.
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