quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Quem levou mais parisienses ao cinema em Setembro? Angelina Jolie ou Leonardo di Caprio?


Nem o actor de “A origem”, nem a actriz de “Salt”. Os dois filmes foram batidos por "Des hommes et des Dieux" [“Homens e Deuses”], de Xavier Beauvois, que mais do que triplicou o público dos dois grandes filmes norte-americanos, chegando aos dois milhões de espectadores.

“Des hommes et des Dieux” baseia-se na história real do sequestro de sete dos nove (dois conseguiram esconder-se) monges cistercienses trapistas, de um mosteiro argelino, entre 26 e 27 de Março de 1996. No dia 30 de Maio seguinte, as suas cabeças são encontradas, mas não os seus corpos.

“O filme relata os últimos meses de vida dessa comunidade religiosa e, justamente porque o realizador se define como irreligioso, consegue comunicar também, ou principalmente, a quem não crê o mistério insondável da fé. A Argélia está em plena guerra civil, porém os monges vivem em tranquilidade e auto-suficiência o dia de oração, de cantos, de leituras, de trabalhos agrícolas e domésticos: a sua ordem não prevê o proselitismo, portanto há harmonia, respeito e fraternidade com os habitantes do pequeno vilarejo muçulmano.

O velho padre Luc (Michael Lonsdale) é médico e recebe gratuitamente até 150 pacientes por dia. O prior, padre Christian (Lambert Wilson), que conhece de cor o Alcorão e lê os floreios de São Francisco, leva o mel do convento ao mercado. Todos juntos participam da festa pela circuncisão de um pequeno e ouvem as palavras do imã, que parecem muito semelhantes às do Evangelho. A paisagem que circunda o mosteiro é paradisíaca, imensa, intacta e leva a sentir aquele sentimento inquieto de encanto que obscuramente aproxima a um mistério, talvez justamente o da fé”.

O filme ganhou o Grande Prémio em Cannes, com um júri internacional presidido “pelo muito bizarro Tim Burton”.

As informações e citações deste texto foram retiradas daqui.

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