Por vezes, os idosos vêm ter comigo e estão desesperados. Construíram toda a sua vida com base na fé, mas agora ela ameaça desaparecer. Tento, então, fazer-lhes valer que não têm culpa do que está a acontecer e que é completamente normal: as dúvidas do momento significam que estão a ser desafiados a escavar novas fundações para a fé. De seguida, convido-os a expressarem as suas dúvidas até ao fim. Em teoria, é possível que tudo o que pensamos de Deus seja fruto da nossa imaginação ou que a nossa ideia da vida eterna seja apenas uma ilusão. Mas, se seguirmos esta lógica de pensamento até ao fim, então tudo se torna absurdo. Pessoalmente, quando sigo esta linha de pensamento, sinto no fundo do meu coração um impulso que me leva a decidir com firmeza: «Aposto nesta carta. Confio na Bíblia, confio na liturgia, confio em Santo Agostinho e em Santa Teresa de Ávila». Face a todas as dúvidas, escolho a fé e a vida. Esta fé será contestada até à morte; porém é a fé que me ampara e que me ajuda a perceber as pessoas que se debatem por ela.
Anselmo Grün, A sublime arte de envelhecer e tornar-se uma bênção para os outros, Paulinas, pág. 142
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