De todos os sinais de modernidade que se parecem traduzir em algum tipo de decadência, nenhum é mais ameaçador e perigoso do que a exaltação de normas de conduta pequenas e secundárias, à custa das grandes e primárias, à custa dos laços eternos e da trágica moralidade humana.
Desse modo, costuma considerar-se mais injurioso acusar um homem de mau gosto do que de má ética. Hoje em dia, já não se associa a limpeza à santidade, visto que a limpeza se converteu em algo essencial, ao passo que a santidade se converteu em algo ofensivo.
(...) O grande perigo para a nossa sociedade está em que todo o seu mecanismo se possa tornar cada vez mais fixo, à medida que o espírito se torna mais inconstante.
Os pequenos actos de um homem deveriam ser livres, flexíveis, criativos; o que deveria permanecer inalterado são os seus princípios, os seus ideais.
Mas connosco o contrário é que é a verdade: os nossos pontos de vista alteram-se constantemente, mas o nosso almoço permanece inalterado.
G. K. Chesterton in “Tremendas trivialidades”, pág. 61, Aletheia Editores, 2010 (original de 1909). Agradeço a P.G., que me enviou o texto.
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