Mostrai-me, meu Senhor, em que deserto,
Em que ribeira, vale, monte ou serra,
Em quanto me deixais andar na terra,
Do ceo me deixareis andar mais perto.
Que pois, ou coberto ou desencoberto,
Me faz cruel imigo cruel guerra,
De quanto dentro de mim mesmo se encerra
Lugar de defensão tenha mais certo.
Mas como, onde posso defender-me,
Enquanto for de mim acompanhado,
com tanta experiência de perder-me,
Senão sendo metido em vosso lado
Para todo de mim mesmo esquecer-me,
E só de vós, meu Deus, ser alembrado?
Agostinho da Cruz (1540-1619)
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