quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Como era complicado ser católico no Reino Unido

Boneco papal que foi queimado em Lewes
no dia 5 de Novembro de 2008

Um texto curioso sobre o complicado que era ser católico na velha, hoje já não tão pérfida mas ainda frequentemente sarcástica, Albion. Em dia de início da visita papal.

Ainda hoje, a 5 de Novembro, data em que se recorda o atentado do católico Guy Fawkes ao Parlamento no séc. XVII, em Lewes, no sul do país, é queimado na fogueira um boneco vestido de papa. Nenhum católico foi chefe do governo e é proibido por lei o casamento de um herdeiro ao trono com um católico, pois ainda existe entre alguns a suspeita de que a sua lealdade ao Vaticano teria mais peso numa decisão de Estado do que a sua lealdade à pátria. Tony Blair, ex-primeiro-ministro do Governo Britânico, só se converteu ao Catolicismo depois de sair do poder embora fosse regularmente à missa com a sua mulher e os seus filhos, todos católicos.

É difícil para um católico português compreender o que foi ser católico em Inglaterra até há poucas décadas. (…) Durante séculos a população católica resumia-se a várias famílias denominadas “recusants” por se recusarem assistir aos serviços religiosos anglicanos. Maioritariamente viviam no norte do país e, até princípios do séc. XIX, eram perseguidos, multados, acusados de criminosos e alguns martirizados. Vários seminários, financiados por estas famílias, foram fundados na Europa continental um dos quais em Lisboa, o Colégio dos Inglesinhos, no Bairro Alto, que só fechou em fins do século passado. Os padres formados aí voltavam clandestinamente para Inglaterra e viviam escondidos. Membros destas famílias casavam entre si e, sendo esta a minha herança materna, ouvi sempre durante a minha juventude “Tens que casar com um católico. Temos que manter a fé”. Do lado paterno soube que o meu bisavô tinha sido deserdado por se ter convertido ao Catolicismo. No grande hospital londrino onde tirei o curso de enfermagem só no fim dos anos sessenta foi permitido a uma católica ser chefe de serviço. Até à data da Emancipação Católica em 1829, a missa era celebrada na clandestinidade.

Texto de Mary Anne Stilwell d’Avillez. Pode ser lido na íntegra na Agência Ecclesia.

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