Um texto de Nicolau de Cusa, no aniversário da sua morte (11 de Agosto de 1464). Espécie de prefácio da obra “Visão de Deus”:
A minha intenção agora, irmãos dilectíssimos, é revelar-vos os meios que antes vos havia prometido, sobre o acesso mais fácil à teologia mística. Considero que vós, conduzidos, como eu, por um grande amor a Deus, sois dignos de que vos seja manifestado este tesouro tão precioso e sumamente fecundo. Antes de mais, rogo ao Senhor omnipotente que me dê as palavras mais elevadas, e o discurso que só a si próprio se pode revelar, para que me seja lícito revelar-vos, de acordo com as vossas capacidades de compreensão, as coisas admiráveis que se mostram acima de toda a visão sensível, racional e intelectual. Tentarei, do modo mais simples e comum, conduzir-vos pela mão duma forma experienciável até à mais sagrada obscuridade. Uma vez aí, sentindo presente a luz inacessível, cada um tentará por si só e do modo que Deus lhe conceder, aproximar-se sempre cada vez mais e então pré-saborear, numa espécie de antegosto suavíssimo, o festim da felicidade eterna, à qual somos chamados, na palavra da vida, pelo evangelho de Cristo sempre bendito.
Nicolau de Cusa, A Visão de Deus, Fundação Calouste Gulbenkian, 1988, 244 páginas. Tradução e introdução de João Maria André
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