António Tabucchi escreveu no prefácio de “Fragments”, livro que compila pequenos textos de Marilyn Monroe: “No interior deste corpo vivia a alma de uma intelectual e poeta de que ninguém tinha um pingo de suspeita”.
O livro vai sair no dia 12 de Outubro em França e a seguir em mais dez países. No “Ípsilon” de sexta-feira passada (20 de Agosto de 2010, aqui) comenta-se a obra com espanto. “Marilyn, a intelectual” é o título do texto. Parece que há uma surpresa geral sobre os gostos literários da actriz, que além de escrever poesia, lia Beckett, Joyce, Shaw, Steinbeck, entre outros. O autor do texto do suplemento do “Público” ainda refreia os ânimos ao afirmar que não é totalmente inédito o conhecimento da intelecutalidade de Norma Jean, já que em 1999 o seu exemplar de “Ulisses”, de James Joyce, foi leiloado na Christie’s, mas o tom é de admiração geral.
Ora, lendo a notícia, lembrei-me de uma pequena história lida em tempos num livro de uma editora católica. Copio-a.
Embora os estúdios cinematográficos a tenham explorado utilizando a imagem da loira tonta e explosiva, Marilyn Monroe (1926-1962) em muitas ocasiões demonstrou que era uma mulher autodidacta dotada de uma inteligência subtil. Além disso, todos ficaram surpreendidos ao descobrir quale era o seu prazer preferido: a leitura. James Joyce, Tennessee Williams, Alexandre Dumas, Truman Capote, Tolstoi, a Bíblia…
Numa conferência de imprensa, um jornalista, convencido de que aquela informação era apenas um truque, perguntou-lhe se era verdade que ela se tinha proposto para protagonizar “Os Irmãos Karamazov” numa futura versão cinematográfica.
Ela respondeu: “Não, não, não quero interpretar o papel dos irmãos, mas o de Gruchenka, a protagonista da novela”.
A história é contada em “O bom humor de homens célebres”, de Alfonso Francia, um livro com histórias de gente famosa para debater valores éticos em grupos de jovens cristãos. Esta história tinha como finalidade fazer notar a diferença entre a imagem transmitida e realidade concreta das figuras públicas. Aparência e essência. Embrulho e conteúdo.
O livro foi publicado em Portugal, pelas edições São Paulo (actualmente Paulus) em 1997, mas a edição original espanhola é de 1995. Daí que tenha de concluir: o que agora causa admiração em alguns intelectuais, já há muito tempo era do conhecimento de alguns grupos de jovens cristãos.
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