Paolo Rodari
Oito horas antes de Bento XVI pronunciar o discurso na Universidade de Regensburg, no dia 12 de Setembro de 2006, que incluiu a citação de Manuel II Paleólogo, que dizia que o Islão é uma religião violenta e que teve como consequência sacudir o mundo islâmico, os jornalistas, lendo-o enquanto tomavam o café da manhã, entenderam que aquela única frase podia dar margem a perigosos mal entendidos e tornar-se potencialmente explosiva. Assinalaram rapidamente tal possível efeito à sala de imprensa papal, mas nada foi mudado.
Esta e outras crises mediáticas beneditinas são abordadas
num livro de dois vaticanistas italianos, Paolo Rodari e Andrea Tornielli
("Attacco a Ratzinger", Ed. Piemme).
Outros dos casos abordados são a nomeação do bispo polaco
Wielgus, “com cheiro de espionagem”, a excomunhão revogada do bispo
negacionista Williamson, as palavras em África sobre os preservativos
destinados a aumentar o problema da SIDA, a difícil gestão do escândalo sobre a
pedofilia na Igreja, o inédito confronto entre cardeais (Schönborn, de Viena, e
Angelo Sodano, o ex-secretário de Estado do Vaticano).
Estes casos, diz um artigo no “La Repubblica” de 23 de
Agosto copiado para o sítio Unisinos (aqui), revelam que “a hierarquia não
possui, embora isso possa parecer estranho, uma verdadeira estratégia
comunicativa. Falta uma direção abrangente. E ela limita-se, depois, a tapar as
rachadelas, a apagar os incêndios, a desativar bombas que já explodiram”.
Os autores do livro citam um cardeal do interior dos
"Sagrados Palácios" que resume assim o contexto comunicacional que
circunda o Bento XVI: “Ataques de todos os tipos. Uma vez, diz-se que o Papa se
expressou mal; outra, fala-se de erro de comunicação; outra ainda, de um
problema de coordenação entre os escritórios curiais; outra, de inadequação de
certos colaboradores. Quer saber a minha impressão? Não há uma equipa que o
sustente adequadamente, que previna que ocorram certos problemas, que reflita
sobre com responder de modo eficaz. Que procure passar, expandir a sua mensagem
autêntica, muitas vezes distorcida. Assim, a pergunta mais frequente tornou-se
esta: quando será a próxima crise?”
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