sexta-feira, 25 de junho de 2010

Supostos segredos do Vaticano

Os segredos do Vaticano
Bernard Lecomte
Ed. Asa
288 páginas

Sobre este livro o jornal francês “Libération” disse que “é a prova de que a realidade é muito mais fascinante do que as teorias da conspiração”. A revista “Pèlerin Magazine” declarou: “Mais apaixonante do que muitos romances de mistério”. Ambos têm razão.

Os 17 textos de “Os segredos do Vaticano” lêem-se quase como 17 romances. Têm acção, personagens célebres (o Papa ou lá perto), tramas de poder (1. “Um Papa contra os Soviéticos. Como Pio XI quis ludibriar os bolcheviques russos”), dinheiro (15. “Sua Excelência, o «Banqueiro de Deus». Como o Papa se viu envolvido no maior escândalo financeiro do pós-guerra”), sexualidade (8. “A pílula por um triz. Como a Igreja Católica esteve quase a aprovar a contracepção”), morte (12. “A Máfia Búlgara. Quem esteve por detrás da tentativa de atentado contra João Paulo II em 1981?”), segredo (16 “O Terceiro Segredo de Fátima. O que revelou realmente a Virgem aos três pastorinhos portugueses?”), e, uma vez iniciada a leitura de cada um desses enredos, é difícil não deixar de querer saber como acabam, mesmo que já se conheça o fim da história.

Já agora, aqui ficam os títulos dos outros “segredos do Vaticano”: 2. “Viva o Papa! Viva o Duce. Porque foi a cidade do Vaticano fundada por Mussolini”; 3. “A encíclica interrompida. Quando o Papa esteve prestes a condenar o racismo e o anti-semitismo”. 4. “Os silêncios de Pio XII. O que podemos realmente censurar ao Papa durante a guerra”; 5. “O Caso Finaly. Quando o Papa e os judeus disputavam as crianças vítimas da guerra”; 6. “O Drama dos Padres-Operários. As razões que levaram Pio XII a cortar as ligações com o mundo dos proletários”; 7. “Ataque ao Concílio. Como o Vaticano II esteve prestes a soçobrar no dia da abertura”; 9 “Um Cisma para Nada. Porque razão o caso Lefebvre foi um verdadeiro falso cisma”; 10. “A morte do «Papa do Sorriso». A terrível verdade sobre a morte misteriosa de João Paulo I”; 11. “So-li-darnosc. Como o Papa polaco inverteu o curso da História”; 13. “A vingança da Opus Dei. Porquê e como o fundador da «Obra de Deus» foi canonizado”; 14 “O Santo Sudário de Turim. Porque se recusa a Igreja a considerar que a mortalha é autêntica”; 17. “A surpresa Ratzinger. Porque não devia o ‘Panzerkardinal’ suceder a João Paulo II”.

Transcrever o índice da obra poder parecer fastidioso, mas é, em primeiro lugar, útil. Por aqui se vê que os “segredos do Vaticano” abarcam todo o século XX. Esta obra acaba por ser uma história do papado no século XX (até Bento XVI, já no presente século).

Bernard Lecomte conta bem os segredos que, quase sempre, são apenas supostos segredos. Pense-se em todos os boatos que rodearam a morte de João Paulo I ou o Terceiro Segredo de Fátima. São bem desmontados pelo autor, que foi jornalista do jornal “La Coix” (diário católico francês) e das revistas “L’Express” e “Le Figaro Magazine”. Actualmente, Lecomte dirige uma editora regional, na Borgonha. No seu sítio e blogue, fala de livros, política, religião e vinhos. Em português tem também publicado o livro “João Paulo II, O Papa que venceu o comunismo” (ASA). Em francês publicou recentemente “Pourquoi le pape a mauvaise presse” (“Por que tem o Papa má imprensa”), sobre como os meios de comunicação social têm lidado com Bento XVI e o seu pontificado.

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