quinta-feira, 13 de maio de 2010

Polémica sobre os dinheiros da Igreja católica italiana

A revista "Visão" traz hoje uma entrevista a Curzio Maltese, um jornalista do "La Reppublica" que publicou primeiro uma série de artigos sobre os dinheiros da Igreja, em especial no que diz respeito ao "8 por mil" que os cidadão italianos assinalam na declaração de impostos, e a seguir um livro, "La Questua" (a revista portuguesa diz que é "A recolha de esmolas", mas é capaz de ser algo como "O peditório" ). O livro mereceu uma resposta de um jornalista do "Avvenire" intitulada "La Vera Questua".

Os artigos do "La Reppublica" podem ser lidos aqui. A resposta ao livro por parte do jornalista do "Avvenire" (o jornal oficioso da Igreja Católica) pode ser lida aqui.

Do que eu li, pareceu-me que Curzio Maltese é um pouco confuso e errático - em diversos sentidos - embora, com certeza tenha críticas válidas. Chega a falar dos 150 anos das aparições de Fátima (começaram em 1917) e fala de Roger Dawkins (em vez de Richard Dawkins), por exemplo. Na entrevista da "Visão", diz que só 20% do que a Igreja recebe no imposto do 0,8 % vai para caridade. Ora, 20% é um número alto em qualquer parte do mundo.

Para uma leitura mais breve e crítica, compare-se o que diz a investigação do "La Reppublica" e os dados do "Avvenire" consultando o quadro final de "La Vera Questua", aqui (ver final do pdf).

Em Portugal poderíamos igualmente dizer que a Igreja custa mais do que toda a classe política. Bastaria somar tudo o que o Estado dá às instituições sociais que pertencem à Igreja. Ou seja, no fundo, dá à Igreja (segundo um estudo recente da UCP, mais de 50% do financiamento das instituições sociais ligadas à Igreja vem do Estado), ainda que depois a Igreja dê às pessoas. Mas se disséssemos isso, esqueceríamos que a Igreja faz o mesmo que as instituições que pertencem ao Estado, mas por uma terça parte do dinheiro. Se for o Estado a fazer, custa três vezes mais. Ou seja, fica mais barato para o Estado dar do que fazer. Por outro lado, o financiamento do Estado é sempre apenas uma parcela do auxílio social da Igreja. O resto chega por intermédio das comunidades em que se insere a instituição e por dinamizações próprias das instituições sociais.

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