domingo, 25 de abril de 2010

A união faz a força pela criação

A Criação. Um apelo para salvar a vida na terra
E.O. Wilson
Gradiva
230 páginas

Este livro lê-se como uma grande carta de um cientista, notável biólogo da universidade de Harvard (EUA), a um qualquer pastor baptista. E resume-se a um apelo: vamos juntos trabalhar pela salvação da natureza/Criação.

O tom da obra de E.O. Wilson é ligeiramente desadequado ao panorama português, mas o livro é útil para ficar a conhecer mais de biologia por um grande divulgador. Se ninguém pode amar aquilo que não conhece – dizia Aristóteles – talvez após a leitura deste livro o leitor se torne adepto da conservação da natureza. Mas a desadequação ao panorama português vem do seguinte facto: E.O. Wilson fala para baptistas, que nos Estados Unidos são um grupo significativo e têm grande influência, principalmente no sul do país. Ora, os baptistas são criacionistas, tanto teológica como cientificamente. E tendem a ler as primeiras páginas da Bíblia o mais literalmente possível. A teoria da evolução através da selecção natural está excluída à partida.

É para esses que o cientista com grandes certezas quanto à teoria da evolução escreve. No fundo, diz: mesmo que discordemos sobre a origem da natureza, tenha sido Deus o criador ou tenha sido ela gerada por si mesma através de mutações aleatórias e da selecção natural das moléculas codificantes, podemos estar unidos na mesma causa.

Ora os católicos, ainda que haja excepções, já não sentem que o evolucionismo traga grandes complicações. É uma teoria científica. E a Bíblia não é um livro de ciência. É um livro sobre o sentido das coisas. Coisa que a ciência não pode dar. Daí que os católicos (mas também os anglicanos, os metodistas, os luteranos, de um modo geral) coabitem bem com o evolucionismo científico e o criacionismo teológico. São campos diferentes que explicam níveis diferentes da realidade. Não se espere da ciência que ela venha falar de Deus. Nem o contrário. Mas no essencial, a mensagem do livro vale: “Se a religião e a ciência se pudessem reunir sob o tecto comum da conservação biológica, o problema seria rapidamente resolvido” (pág. 14).

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