"A indiferença de quem está desiludido com o fim das ideologias, a indiferença de ex-crentes frustrados nas suas expectativas de uma renovação eclesial, a indiferença do homo technologicus, convencido de poder dominar tudo através da técnica, apresenta-se aos olhos dos cristãos como um fenómeno enigmático e um grande inimigo.
Contudo, é um estímulo para a interrogação: porque razão o Cristianismo deixou de interessar a muitos? E os cristãos estarão verdadeiramente «evangelizados», de molde a poderem ser «evangelizadores» eficazes? Saberão verdadeiramente exprimir e comunicar o seu carácter peculiar, a sua “diferença”? Não esqueçamos que a indiferença vai crescendo na medida em que for desaparecendo a diferença!
O Cristianismo é uma proposta e não uma imposição, e tampouco pretende deter o monopólio da felicidade, embora afirme que a encontra vivendo segundo Jesus Cristo. Assim, o facto de haver ateus só serve para reforçar a opção de liberdade que se encontra na base de uma vida cristã. Esperamos é que não sejam os próprios cristãos e as Igrejas a produzir ateus, com as suas atitudes desumanas e intolerantes, com a sua auto-suficiência e incapacidade de escutar os outros".
Enzo Bianchi, in “A diferença cristã”, Ed. Paulinas
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