sexta-feira, 16 de abril de 2010

Irritações de João Adelino Faria e Fernanda Câncio

Mais dois artigos da imprensa escrita de hoje: as opinião de João Adelino Faria no "Diário Económico" e a de Fernanda Câncio no "Diário de Notícias".

A ligeira irritação do primeiro (os repórteres, mesmo os câmaras, têm de entrar de fato para filmar o Papa no Vaticano) parece-me ter razão de ser. Também me irrita, por exemplo, que para visitar a Basílica de São Pedro, no calor abrasador de Agosto - e igualmente no frio - as senhoras tenham de ir de ombros cobertos e de pernas pouco à mostra. O que se resolve com uns ridículos trapinhos que os seguranças dão à entrada.

As irritações da segunda baseiam-se num erro. Laicidade do Estado significa respeito pela liberdade religiosa e neutralidade do Estado face à crença de cada cidadão. De acordo. Mas não significa que o Estado não se mete em assuntos religiosos. Ou que o Estado não tem nada a ver com a religião dos seus cidadãos. Fernanda Câncio traduz nisso o princípio, mas traduz mal. O Estado pode e deve, dentro do Direito, apoiar os cidadãos nas suas crenças quando isso for legítimo. O contrário seria um vácuo completo, impossível, aliás, e no mínimo causador de inquisições de sinal laico - coisa que Fernanda Câncio faria com tanto gosto, como tem vindo a fazer nas páginas do DN.

No caso em concreto, será excessiva a tolerância de ponto? Até posso pensar que sim. Eu gosto de Bento XVI e trabalharei nesses dias. Mas a tolerância é uma possibilidade, não uma obrigação. Espero que muitos serviços públicos estejam abertos por haver cidadãos que não vão a Lisboa, Fátima ou Porto ver o Papa. Espero, provavelmente com ingenuidade, que quem não for ver o Papa vá trabalhar. Quer no público, quer no privado. E independentemente dos efeitos económicos da tolerância.

Por outro lado, não deixa de ter piada que a tolerância concedida pelo governo português tenha conseguido pôr sindicatos e patrões de acordo. Ambos contra a tolerância. Mérito de Bento XVI.

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