Além dos Papas, a “Time” dedicou 15 capas a líderes religiosos, bispos, padres e pastores (16 se contarmos que Luther King teve direito a duas), até 2001. Estão lá os católicos, mas também os luteranos, os presbiterianos (de Calvino) e os anglicanos e episcopalianos (anglicanos dos EUA), os baptistas e os evangélicos.
Todos estes líderes são significativos, pelo que merecem umas linhas de apresentação. Para mais, pelo menos para mim, alguns deles eram-me totalmente desconhecidos.
Os primeiros cinco: Cardeal Mundelein; o pastor luterano Martin Niemoller; o pastor luterano Franklin Clark Fry; o pastor presbiteriano Eugene Carson Blake; e o padre católico Theodore Martin Hesburgh.
O Cardeal Mundelein apareceu na “Time” de 31 de Maio de 1926. George William Mundelein (1872-1939) foi arcebispo de Chicago desde 1915 e cardeal a partir de 1924. Mostrou-se em diversas ocasiões ao lado dos trabalhadores. Considerado liberal, era amigo do presidente Roosevelt e apoiante do “New Deal” (já depois de ter aparecido na “Time”, claro). Esforçou-se por criar paróquias que integrassem os católicos de diversas proveniências (italianos, polacos, irlandeses…).
“Time” de 23 de Dezembro de 1940. Pastor luterano, Martin Niemoller (1892-1984) opôs-se ao nazismo, a par de Bonhoeffer. Foi preso pela primeira vez em 1935. Porta-voz da resistência protestante, foi libertado passados uns meses, mas voltou para a prisão até ao final da guerra. É dele o seguinte texto (por vezes atribuído a Bertolt Brecht):
“Quando os nazis levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não houve mais ninguém que pudesse protestar”.
O pastor luterano Franklin Clark Fry (1900-1968) apareceu na capa de 7 de Abril de 1958. Conhecido por “Mr. Protestant”, Fry uniu diversas denominações. Contribuiu para a criação da Federação Luterana Mundial em 1947, o Conselho Mundial das Igrejas (World Council of Churches) em 1948, e o Conselho Nacional das Igrejas (dos EUA) em 1950.
Eugene Carson Blake (1906-1985), na “Time” de 26 de Maio de 1961, pastor presbiteriano, foi presidente do Conselho Mundial das Igrejas e do Conselho Nacional das Igrejas (dos EUA) e um grande promotor do ecumenismo. Apoiou o movimento pelos direitos civis.
Theodore Martin Hesburgh, padre católico, apareceu na “Time” de 9 de Fevereiro de 1962. Padre da Congregação da Santa Cruz, nasceu no dia 25 de Maio de 1917. Liderou a Universidade de Notre Dame, no Indiana, durante 35 anos, até 1987. Fez dela uma grande universidade. O padre Hesburgh tem quase 93 anos e cerca de 150 doutoramentos, o que o torna uma personagem do Guinness. Já tinha sido referido neste blogue, aqui. Um vídeo-testemunho deste padre católico pode ser visto aqui.
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