Recorda o “Público” de hoje, na secção “No passado”, do P2, que Victor Hugo nasceu no dia 26 de Fevereiro de 1802. Dele só li um livro sobre as últimas 24 horas de um condenado. Qual seria o título? (Era de uma biblioteca). A net diz que é precisamente “O último dia de um condenado” (1829). Mas vi vários filmes. Num deles, baseado em “Os Miseráveis”, há um admirável episódio sobre o poder regenerativo do perdão.
Jean Valejean, criminoso fugitivo, obtém acolhimento em casa do bispo. O bispo trata-o bem, mas, a meio da noite, ouvindo barulho, vai ver o que se passa e é agredido por Jean Valejean, que rouba um conjunto de talheres de prata. Passados uns dias, a guarda aparece em casa do bispo com o ladrão e pergunta se os objectos roubados são do clérigo, que responde: “Não, não são meus. São dele. Dei-lhos”.
Jean Valejean fica admirado com tal atitude (a criada do bispo lamentaria mais tarde terem de comer com talheres de madeira) e pode partir em liberdade. E é esse episódio que está na origem da transformação total da sua vida. O filme (e o livro) retrata a seguir o dinamismo social e empresarial de Valejean, até que aperece um agente do Estado que desconfia do seu verdadeiro passado…
O “Público” afirma que a propósito de “Os Miseráveis” foi trocada aquele que deve ser a correspondência mais breve de sempre. Victor Hugo queria saber como tinha sido recebido o livro e telegrafa ao editor um ponto de interrogação. Como resposta, recebe um ponto de exclamação.
Pensava eu, desde os tempos das aulas de Latim, que a carta mais breve de sempre era uma de Voltaire, como resposta a uma outra, numa espécie de concurso sobre quem escreveria a carta com sentido com menos letras.
Escreveu o interlocutor de Voltaire:
Eo rus.
Voltaire responde:
I.
Traduzindo:
Vou ao campo.
Vai.
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