Christopher Hitchens esteve na Casa Fernando Pessoa, no dia 18 de Fevereiro, para falar sobre “A Urgência do Ateísmo”. Hitchens, inglês, é um dos novos evangelizadores ateus, autor de “Deus não é grande – Como as religiões envenenam tudo” (na D. Quixote), e colunista da “Vanity Fair” (e irmão de Peter Hitchens, crente).
Apesar de ser estranho que a Casa Fernando Pessoa, instituição dependente da Câmara Municipal de Lisboa, logo de dinheiros públicos, promova uma conferência para defender o ateísmo (ele não veio falar do ateísmo em Fernando Pessoa, da história do ateísmo ou de tema similar, mas tentar convencer que ser ateu é melhor, veio “ateizar”), a conferência deve ter sido uma decepção. Procurei na net e na imprensa e pouco encontrei sobre o evento e muito menos argumentos sérios. O “Público” diz isto, que, convenha-se, é muito infantilizado e incongruente (as 72 virgens não fazem parte do imaginário cristão, como foi o da educação de Hitchens, mas são sempre um bom trunfo para a gargalhada):
“Contou – escreve Isabel Coutinho – que quando era pequeno e o padre lhe falava do céu e do inferno ele conseguia ter uma ideia muito precisa do inferno mas não lhe acontecia a mesma coisa com o céu. «Não sabia da existência das 72 virgens nessa altura… e seria demasiado novo para apreciar», brincou, e a sala gargalhou. Quando perguntava o que se fazia no céu e lhe respondiam que se louvava a Deus o dia inteiro e para sempre eternamente parecia-lhe que isso é que era o inferno”.
Também falou da beleza e da dialéctica da frase de Marx "a religião é o ópio do povo", que, aliás, Marx plagiou de outros autores. Talvez algumas religiões sejam o ópio do povo, mas quem não distingue confunde. A experiência da generalidade dos crentes que conheço é que a religião (se o cristianismo, que é uma fé, for um religião, o que não é consensual) é o fermento do povo. Ópio e fermento. Ambos são brancos. Mas o efeito é diferente.
1 comentário:
"Talvez algumas religiões sejam o ópio do povo, mas quem não distingue confunde."
mais verdade do que isto é; algumas pessoas vivem a religião como uma evasão. Ou: algum dia nas nossas vidas todos o fizemos. Uma palavra/acção evangélica que serve a todos: Vigiai.
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