quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Políticos e professores comentam documento dos bispos portugueses sobre a Educação

REVISTA PASTORAL CATEQUÉTICA
Secretariado Nacional da Educação Cristã
Maio-Agosto de 2009
88 páginas

A Conferência Episcopal Portuguesa publicou em 2008 uma carta pastoral sobre “A Escola em Portugal. Educação integral da Pessoa Humana”. O documento realça a missão educativa, que é “percurso de personalização, e não apenas se socialização e formação para a cidadania”. “Isto exige promoção dos valores espirituais, estruturação hierárquica de saberes e valores, integração do saber científico-tecnológico num saber cultural mais vasto, mais abrangente e mais englobante” (ponto 5). Dizer isto é pouco. A Carta tem 30 números de dois ou três parágrafos cada. E, como recentemente um bispo disse, é uma pena que os documentos da Igreja sejam referidos na comunicação social quando saem a público e logo esquecidos.

Ora, este número da revista “Pastoral Catequética” desenvolve uma ideia que certamente poderá ser replicada em relação a outros documentos com muito proveito (por que não, por exemplo, pedir a gestores, economistas, sociólogos… que comentem número a número a encíclica social Caritas in veritate?): foi pedido a várias personalidades, de algum modo ligadas ao mundo da educação (dois foram ministros da Educação e um terceiro do secretário de Estado), que comentassem alguns números do documento do episcopado. Respondem ao repto D. Tomaz Silva Nunes (presidente da Comissão Episcopal da Edução Cristã, organismo da Igreja responsável pela revista), Guilherme d’Oliveira Martins, D. António Marcelino, Isabel Renaud, Manuela Silva, Marçal Grilo, Manuel Porto, Ruben Cabral, Joaquim Azevedo, Maria José Nogueira Pinto, Juan Francisco Ambrosio, António Gamboa, Ana Aguiar Ricardo e Mons. Luciano Guerra.

Este coro de vozes dá outras visões a este documento que, sendo sobre educação, não é sobre o medo, mas sobre a esperança e as possibilidades, como diz um dos comentadores.

Um excerto. Escreve Ruben Cabral, reitor do Inter-University Institute de Macau, comentando os números 11-14 (“Condicionantes e problemas hodiernos da escola”):

Quando é que a escola produz educação? Atrevo-me a dizer que muito raramente. (…) Continuamos a aceitar como natural que a escola seja comandada e controlada por burocracias estatais que, por muito bem intencionadas que sejam, não podem nem devem ser a cabeça e o cajado da escola, que se quer livre, experimentadora, comunitária, afirmadora dos princípios universais que nos consubstanciam, comunitária, promotora da responsabilidade e da responsabilização da pessoa, fonte de questionação de e sobre o mundo, e construtora de comunidades-laboratório daquelas que hão de vir. Continuamos a aceitar como modelo das virtudes cívicas uma instituição que vive do decreto-lei como simulacro da realidade, que se prefigura como instrumento estandardizador de aprendizagens e de pessoas, que se define como uma máquina produtora de cidadãos (pág. 53).

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