"Ambrósio e Teodósio", de Antoon van Dyck (1599-1641)
No ano 388, Ambrósio, bispo de Milão, não deixa que Teodósio entre na catedral de Milão. O imperador Teodósio era cristão. Tinha sido baptizado em 380. Por que é que não podia entrar? Porque ordenara um massacre em Tessalónica. O bispo de Milão recrimina a crueldade do imperador. Exige que este faça penitência. Teodósio invoca o exemplo do rei David. Ambrósio responde que o imperador deve imitar David não só no pecado, mas também na penitência.
A proibição mantém-se durante oito meses, até que Teodósio, vestido com um “saco de penitência”, pelo Natal, foi perdoado. Mais tarde, o imperador diria: “Sem dúvida que Ambrósio me fez compreender pela primeira vez o que deve ser um bispo".
O episódio é visto como um primeiro exemplo de submissão do poder político ao poder religioso. Pelo menos para isso será evocado ao longo da história. Mas, na origem, não é essencialmente isso. É apenas a exigência coerência entre fé professada e actos.
E é interessante descortinar o que esteve por detrás do massacre de Tessalónica.
No massacre de Tessalónica terão morrido entre 500 e 5000 pessoas. Os relatos variam. Mas foi um massacre. Os populares estava num estádio, durante um espectáculo, e o imperador mandou matá-los. Mais tarde, escreveu-se que Teodósio teria revogado a ordem. Mas foi tarde. A ordem foi executada.
Mas por que é que mandou matá-los? Simplesmente, porque os populares tinham matado antes o general Buterico, o qual, cumprindo as novas leis que condenavam a homossexualidade, mandara matar um condutor de quadrigas (ou seja, um auriga), pederasta, muito popular na época.
Os que Teodósio mandou matar eram na sua grande maioria não-cristãos e, é de concluir, defensores da homossexualidade (que era praticada entre mais velhos e mais novos). É por causa da morte deles que Ambrósio ordena a penitência de Teodósio.
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