Inocêncio III foi um dos papas mais importantes da história. Em qualquer top 5 lá estará, para o bem e para o mal, conforme as interpretações e épocas históricas.
Papa de 8 de Janeiro de 1198 a 16 de Julho de 1216, foi o Papa da supressão das heresias, mas da protecção aos judeus (o decreto de 1199 começa assim: “Decretamos que nenhum cristão deve usar violência para obrigar os judeus a aceitar o baptismo”), das cruzadas, da supremacia do poder papal mas também da primeira aprovação da ordem franciscana. Ao longo da história, os franciscanos foram com frequência a face da Igreja descrente do poder.
Sobre a autoridade papal vale a carta ao prefeito Acerbius e aos nobres da Toscânia (1198): “Assim como o Fundador do universo estabeleceu duas grandes luzes no firmamento do céu, a luz maior para governar o dia e a luz menor para governar a noite, assim também Ele estabeleceu duas grandes dignidades no firmamento da Igreja universal (…), a maior para governar o dia, isto é, as almas, e a menor para governar a noite, isto é, os corpos. Estas dignidades são a autoridade papal e o poder real. Agora, assim como a lua retira sua luz [quando surge] o sol; e é certamente menor em quantidade e qualidade, na posição e no poder, assim também o poder real deriva do esplendor da dignidade da autoridade pontifícia (…)”.
Mas este foi o Papa que aprovou a ordem franciscana. Em 1210, o Papa sonhou que a Basílica de São João de Latrão, sede do papado, se desmoronava. Chega então um mendigo que a suporta sozinho, não deixando que ela se desmorone. No dia seguinte, chegam a Roma Francisco de Assis e seus companheiros, que pedem ao Papa que aceite a sua regra de vida. O Papa aceita-a à experiência (seria Honório III, em 1123, que a aprovaria a ordem em definitivo).
Giotto pintou o sonho de Inocêncio III. Este pintor, repare-se na coincidência, morreu no dia 8 de Janeiro de 1337.
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