quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sonho de um cardeal numa noite de Natal

DIONIGI TETTAMANZI
Não há futuro sem solidariedade.
Paulinas
240 páginas


Na Missa do Natal de 2008, o cardeal Dionigi Tettamanzi, arcebispo de Milão, dirigiu aos fiéis uma questão que no seu espírito era cada vez mais pertinente: “Neste Natal, já marcado pelas primeiras vagas de uma grande crise económica, há uma interrogação que me atormenta: o que posso fazer como arcebispo de Milão? O que podemos fazer como Igreja ambrosiana? (…) Gostaria que cada um conservasse no coração esta pergunta e que se deixasse inquietar e converter por ela: O que posso eu fazer?”

O cardeal pôs as mãos à obra e criou o “Fundo Família-Trabalho”, para ajudar quem na área da diocese de Milão perde o posto de trabalho. O Fundo foi inicialmente constituído por um milhão de euros de provenientes dos impostos que os cidadãos podem destinar a obras de caridade (como em Portugal, na declaração do IRS), das ofertas “para a caridade do Arcebispo”, de “opções de sobriedade da diocese” e também do dinheiro do próprio Dionigi Tettamanzi. Em Apêndice publicam-se os Estatutos do Fundo.

Mas este livro não é sobre o Fundo. É sobre a crise económica e a ajuda da Igreja. O cardeal parte do “sonho de uma noite de Natal” (cap. 1) para falar da “solidariedade e o seu fundamento” (cap. 2), notar que a sobriedade é virtude esquecida (cap. 3), lembrar a doutrina social da Igreja (cap. 4), e mostrar como pode acontecer solidariedade no mundo da finança (cap. 5), na família (cap. 6), na empresa (cap. 7), para com os migrantes (cap. 8). Antes da conclusão (“Como o Bom Samaritano”), o cardeal ainda troca algumas cartas com jovens em que o assunto principal é, naturalmente, a solidariedade (cap. 9).

O prefácio desta obra é assinado por Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, cristão e homem de cultura, que explica com eficácia e simplicidade a génese da crise que ainda estamos a atravessar e realça que, contra ela (e para evitar futuras crises), são necessárias três grandes virtudes sociais: justiça, solidariedade e sobriedade.

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