Há muito que se diz que Shakespeare talvez fosse católico. A mundividência da sua dramaturgia parece católica. Há referências a ritos católicos (mas nessa época os ritos anglicanos ainda não eram muito diferentes dos católicos). Os seus pais eram católicos (o testamento do pai, John Shakespeare, segue um modelo de Carlos Borromeu, cardeal, bispo de Milão). Há uma visão dramática que os especialistas dizem ser católica (o pecado e a graça, a redenção).
Talvez Shakespeare seguisse a “Old Faith” às escondidas, numa época em que não se podia ser papista em Inglaterra. Nas peças, algumas delas tendo como palco a católica Itália, há referências aos sacramentos católicos. Aparecem padres (que na Inglaterra isabelina eram perseguidos). E o fantasma com que Hamlet fala descreve um mundo que os católicos identificariam como sendo o purgatório.
Agora o I (aqui) e o JN (aqui) vêm dizer que durante uns anos o dramaturgo foi peregrino em Itália, deixando o seu nome inscrito, indirectamente, num livro de peregrinos.
Explica o I: O livro a que se refere [o padre Andrew Heaton, vice-reitor do Venerable English College, um seminário romano para sacerdotes católicos ingleses] está assinado em 1585 por um certo Arthurus Stradfordus Wigomniensis. Também há referência a Gulielmus Clerkue Strafordiensis, que deixou a sua marca no livro em 1589, informa o “The Independent”. Ambos os nomes pertenciam, na realidade, a William Shakespeare. Segundo o vice-reitor, o primeiro nome pode decifrar-se como “(O compatriota) do (rei) Artur de Startford (na diocese) de Worcester”.
Mas existe ainda uma terceira menção, de 1587, noutro livro de peregrinos: Shfordus Cestriensis. Segundo Heaton pode querer dizer “Sh(akespeare de Strat)Ford (na diocese de) Chester”.
E o JN acrescenta que estas referências reportam-se a um período de quatro anos em que se desconhece por onde o autor de "Hamlet" terá andado. Shakespeare abandonou a sua Stratford natal em 1585 e reapareceu em 1592 em Londres, onde começou a sua carreira de dramaturgo. "Há vários anos na vida de Shakespeare dos quais nada se sabe", assinalou Heaton, que aponta como mais provável a hipótese de o poeta ter então visitado Roma como católico clandestino.
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