De Anastácio I ao II Concílio de Constantinopla (ano 553; texto dos anátemas, em inglês, aqui), vai um arco de condenação de Orígenes.
O platonismo do teólogo de Alexandria (um contemporâneo do neoplatónico Plotino, embora, provavelmente, nunca se tenham encontrado) e a consequente teoria da preexistência das almas foram repudiados pela Igreja. E, como quase sempre, com alguma parte do pensamento, deita-se fora o pensamento todo. Na realidade, o pensamento de Orígenes, principalmente o que diz respeito à interpretação das Escrituras, continuou na Igreja, mas por outras vias.
Hans Kung coloca Orígenes entre os seis maiores teólogos do cristianismo (juntamente com Paulo, Agostinho, Tomás de Aquino, Martinho Lutero, Friedrich Schleiermacher e Karl Barth) no livro “Os grandes pensadores do cristianismo”.
E cita Hans Urs von Balthasar, que afirma: “Se se retirar a Eusébio [o historiador, de Cesareia], o brilho de Orígenes, ficaremos apenas com um teólogo mediano e um historiador aplicado. Jerónimo limita-se a transcrevê-lo nos seus comentários da Escritura, mesmo depois de, com uma aparente dureza e revolta, ter rompido a ligação com o seu mestre. Basílio e Gregório de Nazianzo recolhem com uma admiração entusiástica as passagens mais sedutoras da obra imensa daquele a quem eles próprios recorriam sempre que a luta quotidiana lhes permitia um momento de descanso. Gregório de Nissa deixou-se seduzir por ele mais profundamente ainda. Os escritores capadócios transmitem-no quase integralmente. A maior parte dos textos do Breviário, compostos por Ambrósio (assim como os de Jerónimo e de Beda), que o conheceu directamente e que o transcreve, não passam de citações praticamente literais de textos de Orígenes” (H.U.v. Balthasar, Origenes, Geist und Feuer. Ein Aufbau aus seinen Schriften. Salzburg, 1938, p. 11, citado na pág. 46 de Os grandes pensadores do cristanismo, de Hans Kung, Ed. Presença).
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