terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Lázaro - poema de José Régio

Juan de Flandres (1500)

Por damascos e púrpuras de rei
Despi, lá fora, os meus vestidos velhos;
E entre o tumulto, as luzes, os espelhos,
Insólito conviva, me assentei.

Erguendo a taça de cistal, brindei;
Quebrei a taça de cristal nos joelhos...
E apertando nas mãos lírios vermelhos,
Ensaiei risos fúteis e cantei.

Assim vós me julgastes um dos vossos,
E a mesa do festim me recebeu,
E me coroaram de hera em flor os moços.

E, quando toda a orgia adormeceu,
Só eu !, só eu me vi roendo os ossos
Desse banquete que não era meu!

José Régio (17-09-1901 — 22-12-1969)

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