As aparições de Virgem de Guadalupe poderão ter sido as que tiveram maiores consequências na história humana – ou pelo menos afectaram um maior número de pessoas.
Ariel Álvarez Valdés, padre argentino, conta num pequeno livro (“Que sabemos da Bíblia?”, vol II, ed. São Paulo), que as aparições aconteceram quando na Europa se discutia se os indígenas pertenciam à raça humana. Os argumentos de base bíblico-teológica tendiam para o "não", visto que era impossível fazer descender os ameríndios de Sem, Cam ou Jafé, filhos de Noé, aos quais os teólogos (e historiadores e geógrafos) conseguiam remeter todos os povos conhecidos. Ou então Noé tivera um quarto filho, do qual descenderiam os povos descobertos, mas nesse caso a Bíblia estaria errada.
“Estava-se neste ponto quando, em 1531, um acontecimento inesperado veio ajudar a resolver esta questão. Enquanto as mentes eruditas e os cérebros mais ilustres da época se interrogavam, por meio de subtis argumentos, se aqueles seres estranhos, de pele cor de cobre, seminus, que comunicavam entre si numa linguagem desconhecida, que viviam num estado natural e quase animal, teriam uma verdadeira alma humana e se poderiam beneficiar da redenção de Cristo, na colina de Tepeyac, perto da Cidade do México, o índio Juan Diego tinha a visão de uma senhora, a Virgem de Guadalupe, que lhe quis deixar para sempre o seu resto impresso no poncho.
E a imagem que ficou impressa foi a de uma índia, de pele escura, de olhos rasgados e de feições semelhantes às dos indígenas. Sem vergonha nenhuma, a Mãe de Deus reconhecia como filhos seus aqueles que a sociedade europeia hesitava em aceitar como irmãos.
Seis anos depois, o Papa Paulo III, numa solene bula intitulada “Sublimis Deus”, promulgada a 2 de Junho de 1537, formulou definitivamente a opinião da Igreja ao declarar que «os índios são verdadeiros seres humanos e capazes de compreender a fé católica». Portanto, «não podem ser escravizados, nem induzidos a abraçar a fé cristã por outros meios que não a exposição da Palavra divina e o exemplo de uma vida santa»”.
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