Baptista Bastos escreveu no DN sobre a atribuição do Prémio Pessoa a D. Manuel Clemente (obrigado, Fernando Correia de Oliveira, pela sugestão). Diz isto, por exemplo:
"De certo modo, o galardoado, pela sua activa e heterodoxa curiosidade intelectual, contraria a cultura de repressão, o arbítrio da verdade única, a cumplicidade com os poderosos de que a Igreja é funesto exemplo. Sem deixar de ser um "deles". A questão reside, quanto a mim, nessa contradição fundamental. De que modo D. Manuel Clemente objecta contra as regras e contraria os postulados da hierarquia, pesada e retrógrada, de que, afinal, faz parte?"
E eu comento. Não faço parte da hierarquia, mas faço parte da grande maioria que convive com e aceita a hierarquia que D. Manuel Clemente integra. E não sei de que é que o cronista fala quando refere a “cultura de repressão, o arbítrio da verdade única, a cumplicidade com os poderosos”. De que Igreja está a falar? Da Católica, nos quarenta nãos que levo de vida, não, certamente.
A Igreja possibilita, felizmente, muitos homens como D. Manuel Clemente. Incentiva-os, até. Nem todos os bispos têm a craveira intelectual do D. Manuel Clemente, mas todos os bispos portugueses que conheço (cerca de metade - um conhecimento que naturalmente não é profundo) conversariam de bom grado com Baptista Bastos ou Saramago. Se eu fosse bispo, talvez até pensasse como Berlusconi: porque odeiam tanto a Igreja? Mas teria a certeza, como tenho, de que a Igreja procura genuinamente servir bem a sociedade. Ou a humanidade. Mesmo que uma ou outra vez se equivoque. De Berlusconi não falo.
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