Esta aparente fixação nas relíquias, que é uma curiosidade antiga, deve-se a dois motivos.
O primeiro, mais recente, é a edição em português do “A vertigem das listas”, de Umberto Eco. Livros com este, que é um livro de muitos livros, fazem pensar que nunca a Internet, a electrónica e seus derivados acabarão com a edição impressa de livros. À falta de adjectivos que digam o espanto com que o folheio, saiba-se que ele tem controlado o meu tempo para lá das estritas obrigações profissionais e familiares. É um livro esponja. Absorve tudo.
O segundo prende-se com a visita das relíquias de Santa Teresinha a Inglaterra e Gales. O facto não foi referido na imprensa portuguesa generalista, nem tal merecia, por si mesmo, mas talvez não devesse ter sido ignorado pela imprensa católica lusa.
Ora, em Inglaterra, as relíquias de Santa Teresinha (ou Teresa de Lisieux, ou Teresa do Menino Jesus) fizeram o que fazem em qualquer outro país por onde passam (Portugal inclusive, em 2006): arrastam multidões. Diz-se que provocam conversões, mas isso é difícil de contabilizar. Já as multidões notam-se.
Em Inglaterra, as relíquias visitaram pela primeira vez uma igreja não-católica, em York, e provocaram filas de horas em York e Oxford e em mais 26 cidades, de Cardiff, a Manchester, de Birmingham a Portsmouth. São os exemplos que refere a BBC: em York, onde as relíquias estiveram 18 horas, a catedral esteve aberta pela noite dentro, de modo a que pudessem venerá-las – ou simplesmente vê-las; visitaram uma prisão londrina (como em Portugal, com presidiários a transportarem o relicário).
As relíquias terminaram o “tour” em Westminster, onde passaram 2000 fiéis por hora. Os serviços da catedral prepararam cerca de 100.000 velas e 50.000 rosas. A digressão inglesa terminou no dia 15 de Outubro. Foto-reportagem da BBC, no dia 13 de Outubro, aqui.
(Foi Fernando Correia de Oliveira, da Estação Cronográfica, que me deu a notícia, por na altura estar em Inglaterra. Agradeço-lhe.)
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