Leio no Equinócio de Outono (
aqui, mas em 16/11/2009)...:
No princípio do século XVII foram encomendados a Caravaggio três quadros sobre S. Mateus (1600-1602) para a Capela Cantarelli, na Igreja de S. Luís dos Franceses, em Roma: não houve qualquer objecção em relação à Vocação de S. Mateus ou ao Martírio, mas não pareceu decoroso às autoridades eclesiásticas um terceiro quadro que apresentava o apóstolo "sentado com uma perna sobre a outra, e os pés nus, grosseiramente expostos à vista do povo". Esse facto obrigou Caravaggio a pintar uma segunda versão de S. Mateus e o Anjo. As duas versões foram pintadas em 1602. A primeira foi destruída em Berlim, em 1945, no contexto da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
...E penso na parábola do filho pródigo que nem é de Mateus, mas de Lucas 15. Um "homem bem" a ter que arregaçar a túnica para correr em direcção ao filho que o tratou mal, mas que regressa a casa, porque, afinal, lá não se passa fome. Não dá jeito nenhum correr de saias compridas. Mas, arregaçando a túnica, fere-se a sensibilidade mais escrupulosa. Mostrar as pernas nuas é um atentado ao pudor. O pai do filho pródigo quer lá saber se fica mal no retrato. Quem é abraçar o filho. Que para ele nunca esteve perdido.
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