No já indispensável “O que a civilização ocidental deve à Igreja Católica” (de Thomas E. Woods, jr., na Aletheia), lê-se que o franciscano Pierre de Jean Olivi (1248-1298) foi o primeiro a propor uma teoria do valor assente na utilidade subjectiva.
Esta teoria diz que o valor das coisas não depende de factores exclusivos e objectivos, como os custos de produção e a quantidade de mão-de-obra empregue, mas da apreciação subjectiva dos seres humanos.
Alguns, mesmo entre o pensamento social cristão, poderão não gostar desta teoria, porque daqui ao capitalismo, à bolsa, ao “subprime” vai um saltinho… Mas isto é o que está na base do mercado livre. Outra forma de a dizer: lei da oferta e da procura. E explica melhor a realidade do que as teorias do valor objectivo, como a de Karl Marx, com base na mão-de-obra.
Ora, Luis de Molina foi um dos que assumiram a teoria subjectiva do valor. Escreve o jesuíta espanhol, citado pela obra acima referida:
“O justo preço dos bens não é fixado de acordo com a utilidade que os homens lhes dão, como se, caeteris paribus, a natureza e a necessidade do uso que lhes é dado determinassem a quantidade do preço […]. O preço depende da apreciação relativa que cada homem faz da utilidade do bem. É isso que explica porque motivo o preço de uma pérola, que apenas de usa para decoração, é superior ao justo preço de uma grande quantidade de trigo, de vinho, de carne, de pão ou de cavalos, apesar de a utilidade destas coisas (que, por outro lado, são de natureza mais nobre) ser mais conveniente e superior à utilidade de uma pérola. E é por isso que podemos concluir que o justo preço de uma pérola depende do facto de alguns homens terem querido conferir-lhe valor como objecto decorativo”.
É uma feliz coincidência que o Prémio Nobel da Economia de 2009 tenha sido revelado no dia de um dos pais da ciência económica.
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