quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Kenneth Maxwell, Pombal e os jesuítas

Abarcando fé, cultura, história e ciência, é natural que os jesuítas figurem de vez em quando neste blogue. Por isso, não resisto a transcrever um excerto de uma entrevista da Revista de História da Biblioteca Nacional (Brasil) ao historiador Kenneth Maxwell, em 2007, em linha com o recente post sobre os "padres matemáticos" na Amazónia.

RH- Foi um desafio o estudo que você fez sobre Pombal? Como isso foi recebido em Portugal?

KM- É curioso como os portugueses acham que uma pessoa que escreve sobre Pombal deve gostar de Pombal. Ele era um homem muito feroz, ditador e não escondia em nada isso. E sempre foi muito bem visto no século XIX pelo setor liberal português. Mas há ainda uma parte da população portuguesa, descendente da aristocracia que foi reprimida por Pombal, que nunca o perdoou. Os jesuítas também não esquecem da atuação de Pombal. Cada vez que eu fazia uma palestra sobre ele, havia um jesuíta lá assistindo. Eles são muito bons historiadores, mas há jesuítas que estão lá para compilar qualquer coisa sobre Pombal. Ele esteve muito envolvido na ascensão do poder do Estado sobre a Igreja. Mas foi apoiado por grande parte da Igreja Católica que tinha interesse nesse reformismo contra o poder do Vaticano. E não é só em Portugal e na Espanha não: o iluminismo napolitano também deu um forte apoio. E isso ainda não é muito bem aceito pela Igreja Católica por ser fortemente contra o poder da cúria. Eu entro um pouco em Pombal nessa discussão e também nessa idéia que o iluminismo tem duas partes: uma liberal, constitucional, mas outra parte muito ligada ao Estado, da utilização, racionalização do poder do Estado. O paradoxo de Pombal é que ele era iluminado mas também duro e ditador.

Entrevista na íntegra aqui (o excerto foi retirado da terceira parte).

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