quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Derrida, a religião, Roma e a Europa


Gadamer e Derrida
Nos dias 28 de Fevereiro e 1 de Março de 1994, Jacques Derrida, Gianni Vattimo, Eugenio Trías, Alfo Gargani, Vicenzo Vitielo, Maurizio Ferraris e Hans-Georg Gadamer juntaram-se na ilha de Capri para falar de religião. O seminário gerou uma série de ensaios que foi publicada em português pela mão da Relógio D’Água em 1997: “A Religião”. Este excerto de Derrida, no original em itálico, foi retirado da página 13.
“Não estamos longe de Roma, mas já não estamos em Roma. Eis-nos por dois dias literalmente isolados, insularizados nas altura de Capri, na diferença entre o romano e o itálico, que poderia simbolizar tudo o que pode inclinar – ao afastamento, a respeito do romano em geral. Pensar “religião” é pensar “o romano”. O que não será feito nem em Roma nem demasiado longe fora de Roma. Fortuna ou necessidade para lembrar (rappeler) na história qualquer coisa como a “religião”: tudo o que se faz e se diz em seu nome deveria guardar a memória crítica de tal apelação (appellation). Europeia, começou por ser latina. Eis pois um dado cuja figura pelo menos, como o limite, permanece contingente e significante ao mesmo tempo. Exige ser levado em conta, reflectido, tematizado, datado. È difícil dizer “Europa” sem conotar: Atenas-Jerusalém-Roma-Bizâncio, guerras de Religião, guerra aberta a propósito da apropriação de Jesuralém e do monte de Moriah, do “Aqui estou” de Abraão ou Ibraim perante o extremo “sacrifício” exigido, a oferenda absoluta do filho bem-amado, o dar a morte exigido ou a morte dada da descendência única, a repetição suspensa na véspera de toda a Paixão”.

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