domingo, 18 de outubro de 2009

Bento e Anselmo

Bento Domingues escreve hoje no Público sobre a queda drástica do número de casamentos católicos. Em 10 anos, na diocese de Lisboa, baixaram 62 por cento. A observação e a sugestão que faz são pertinentes:

«Não adianta muito pensar que este decréscimo brutal dos casamentos católicos seja apenas o fruto de políticas laicas acerca da família nem a sua estrepitosa divulgação seja regozijo com a perda de influência do catolicismo. Em Portugal, a liberdade religiosa não está em perigo, nem o direito ao casamento católico. A questão de fundo é outra: que fazer para que as famílias se transformem numa fonte de vida evangelizadora das novas gerações? A estatística citada sugere que as novas gerações só poderão receber uma herança se esta for um convite à invenção de novas formas de ser cristão».

Anselmo Borges, por seu turno, no DN de ontem escreveu sobre “pecado original e política”. Faz uma reflexão muito interessante e sempre actual sobre o poder (aqui).

«A política é actividade nobre e são de saudar sempre aqueles que generosamente se entregam à causa pública. (…) Claro que a política também é jogo, mas há tanta intriga e inveja e cilada que o espectáculo é, por vezes, pícaro e deplorável...
O poder traz prestígio, mesmo que suposto. E benesses de todo o género. E sedução e luxos e exposição e fama. E precedências e continências nas paradas e guardas de honra. E dinheiro e convívio com os grandes deste mundo. E a ilusão de que se deixa uma marca na História. E a imposição da própria vontade. E a aparência da imortalidade pelos feitos. O poder - quem o repetiu foi um político nosso, famoso - é o maior afrodisíaco.
Não é sempre assim, mas o perigo espreita. O risco é servir-se em vez de servir. Ou servir alguns apenas e não o bem comum. Corromper e deixar-se corromper. Não respeitar a separação de poderes e, concretamente, a independência do poder judicial. E que acontecerá quando o poder, mesmo conquistado legitimamente, se exerce sem competência intelectual, moral e técnica?
A tentação é tamanha que mesmo na Igreja se esqueceu a revolução única do cristianismo: Deus não se revelou como omnipotência abstracta, mas força infinita do amor criador. E Cristo disse: "Não vim para ser servido, mas para servir"».

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