Anselmo Borges no DN de hoje (aqui):
Deus não é "objecto" de ciência, mas uma esperança, sobretudo quando se pensa nas vítimas inocentes. Como escreveu o agnóstico M. Horkheimer, um dos fundadores da Escola Crítica de Frankfurt, "se tivesse de descrever a razão por que Kant se manteve na fé em Deus, não saberia encontrar melhor referência do que aquele passo de Victor Hugo: uma anciã caminha pela rua. Ela cuidou dos filhos e colheu ingratidão; trabalhou e vive na miséria; amou e vive na solidão. E no entanto está longe de qualquer ódio e rancor, e ajuda onde pode... Alguém vê-a caminhar e diz: Ça doit avoir un lendemain!... Porque não foram capazes de pensar que a injustiça que atravessa a História seja definitiva, Voltaire e Kant postularam Deus - não para eles mesmos".
O texto chama-se "Seria injusto não haver Deus". Parece que há uma espécie de necessidade lógico-moral. Mas na Bíblia não é assim. Ou é mais do que isso. Deus, de certo modo, intromete-se. Na revelação judaico-cristã, Deus vem ao encontro do ser humano. Comunica-se. Mete-se com Adão e Eva, com Caim, com Abraão, com Moisés, com os profetas, com os pensadores sapienciais. Deus toma a iniciativa.
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