sábado, 12 de setembro de 2009

Judeus no "Público" de sábado

“Há judeus na Síria desde Abraão, mas estão quase a acabar. O P2 passou um shabat na última sinagoga aberta, andou pelo bairro de casas abandonadas e bebeu café em casa de Albert, Rachel e Belle, três irmãos que guardam o fim, e convidam todos os judeus portugueses a aparecer”.

“Um shabat em Damasco” – reportagem de Alexandra Lucas Coelho, em Damasco, no P2 (ler aqui).

Cito alguns excertos desta reportagem de três páginas muito interessante para conhecer o modo de vida de judeus na terra que está indissociavelmente ligada aos cristãos. Paulo de Tarso andou por lá.


Seis homens rezam em Damasco. Lá fora, há seis milhões de habitantes. A maioria absoluta reza a Alá. Uma pequena minoria reza a Cristo. E estes rezam a Adonai. São os últimos judeus da cidade. Hoje seis, amanhã nenhum.
É sábado, 31 de Agosto, na única sinagoga aberta em toda a Síria.

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Seis vozes um pouco desencontradas percorrem as linhas do Livro e de vez em quando ressalta o nome de deus.
- ... Adonai.
- Adonai...
- ... Adonai...
ou o nome da terra prometida.
- ... Israel.
- Israel...
- ... Israel...
E lá fora há seis milhões de sírios para quem Israel é o inimigo - não a Israel da Torah, mas o Estado de Israel que venceu os árabes em todas as guerras (1948, 1967, 1973...).

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Seis homens em seis milhões, e o único abaixo dos 50 anos já nem mora cá, veio de férias, de Brooklyn. É lá que estão os judeus da Síria. Em Israel, no México ou no Canadá, mas sobretudo em Brooklyn - 75 mil.

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- Só esta sinagoga é que abre porque não há gente. Antes havia, há talvez 20 sinagogas em Damasco. As pessoas partiram.

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O Bairro Judeu continua a vir bem assinalado nos mapas da Cidade Velha de Damasco.
Vai-se por aquela longa rua que atravessa todo o souk. Os estrangeiros chamam-lhe Straight Street ou Rue Droite, mas para os sírios é a Mehmet Pasha. Depois do arco romano por onde S. Paulo terá passado, do lado esquerdo fica o Bairro Cristão e do lado direito fica o Bairro Judeu.
- Os judeus eram muito gentis, comprávamos-lhes tecidos - diz Maria, uma cristã já com filhos adultos que mora em frente à Igreja Malaquita, a um quarteirão do Bairro Judeu. Está a falar no passado, porque para ela os judeus são do passado.

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- O último bebé judeu que aqui nasceu foi nos anos 90. Trouxemos um rabino da Turquia para a circuncisão, e ele circuncidou seis ou sete crianças. Eu fui madrinha de uma delas. Agora estão em Brooklyn.

Sem comentários:

Há um sínodo?

O sínodo que está a decorrer em Roma é de uma probreza que nem franciscana é. Ou há lá coisas muito interessantes que não saem para fora ou ...